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domingo, 6 de março de 2011

Gentileza


Ilustração obtida na internet.
Texto publicado no blog: www.jairclopes.blogspot.com em 08/01/11.

O Homo sapiens não optou por viver em comunidades, em aglomerar-se em aldeias e cidades por mero diletantismo, a necessidade o compulsou. O homem é um ser social porque isolado ele não sobreviveria, os grupos representam segurança, a força da união de muitos seres é maior que a soma de cada força individual. Então, a despeito das diferenças desagregadoras que geram atritos, às vezes fatais, a convivência traz tantas vantagens que é inimaginável pensar no homem isolado de seus semelhantes.

Contudo, a opção – se é que não foi uma imposição natural – pela vida em grupo teve que ser adaptada às idiossincrasias dos seres que compõe esses agrupamentos. As primeiras organizações sentiram que regras deviam pautar as relações individuais sem comprometer a coesão grupal: nasceram as leis, estatutos e regulamentos, porquanto anarquia não era uma opção. Ao lado da regulamentação legal admitida por consenso, ou imposta por mandantes, outras regras não escritas foram surgindo espontaneamente. Muito obrigado, com licença, por favor, bom dia, como vai? e outras expressões são manifestações verbais do comportamento humano que atendem pelo nome genérico de gentileza. A gentileza é o conjunto de atitudes convencionais essencial para a sobrevivência da espécie nas suas relações, na medida em que “lubrifica” as peças da máquina social evitando ou diminuindo o atrito que pode emperrar o mecanismo. E tem mais, o profeta paulista que vivia nas ruas do Rio, José Datrino, (1917-1996) enxergou mais longe e vaticinou: Gentileza gera gentileza. Assim, um mero bom dia pode prenunciar uma jornada diária de boas relações entre indivíduos que devem conviver, ou que estão, de alguma forma, confinados num espaço que os torne próximos ou ao alcance da visão uns dos outros.

Tendo observado a sociedade americana nas viagens que fiz aos EUA, ouso afirmar que o cidadão americano é muito mais gentil que o brasileiro, em que pese a afirmação de certos sociólogos que o brasileiro é um povo gentil. Thank You é uma expressão muito mais ouvida lá do que muito obrigado aqui. Não sei dizer se existe qualquer estudo mostrando que onde impera a gentileza as pessoas são menos estressadas e mais produtivas, mas estou fortemente inclinado a admitir que possa ser uma explicação porque há países em que as relações entre indivíduos se traduzem em progresso e bem estar da maioria da população. Os países escandinavos, conhecidos pelo seu regime de leis que instituem o capitalismo social e pelo nível de satisfação de seus cidadãos, estão entre os países cuja população é a mais gentil do Planeta. É uma questão para ser pensado por nós, cidadãos desse país tropical bonito por natureza.

Que o trânsito citadino de nossas urbes é um caos todos sabemos, entretanto, o ícone mais gritante de nossa falta de gentileza está na ausência de uso da seta por parte dos motoristas. Pode parecer meio esquisito, mas é justamente a falta de indicação da direção que o motorista vai tomar que mostra nosso desprezo pelas regras de trânsito e nossa falta de respeito pelo pedestre quando dirigimos. O uso da seta, antes de obedecer regra escrita de bem dirigir, é um ato de gentileza para com outros motoristas e, sobretudo para o pedestre. Lembrando que todos somos pedestres antes de sermos motoristas, a gentileza de avisarmos nossa intenção no volante é uma cordialidade que deveríamos observar como regra pétrea. A mente do motorista brasileiro funciona mais ou menos assim: ninguém está olhando, então não há regras, dirijo como quero. A par dessa atitude obscurantista e não explicável do motorista que não liga para as demais pessoas, sejam pedestres ou outros motoristas, existe uma curiosidade digna de ser registrada: o motorista sempre avisa o ocupante de outro carro se este estiver com a porta semi aberta ou não travada. É uma regra não escrita observada pela totalidade dos motoristas, aliás, pode ser que o motorista avisado seja o mesmo que sofreu uma fechada momentos antes, ou fechou o avisante pouco tempo atrás. Parece que, “sua porta está aberta” redime o chofer de todos os pecados que tenha cometido no trânsito até então.

Pois é, num mundo ideal, o comportamento das pessoas assumiria a gentileza como atitude basilar no relacionamento com seus semelhantes. Em decorrência, no trânsito ou no dia-a-dia, com toda certeza, teríamos muito menos atritos e acidentes. A irritação e o estresse diário que muitos de nós carregamos como um peso morto que oprime e baixa nossa qualidade de vida, seriam coisas do passado e o mundo passaria a ser um lugar mais agradável de se viver. Gentileza gera gentileza é um bom mote para pautarmos nossas atitudes diárias de convívio com nossos iguais. JAIR, Matinhos, 01/01/11
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