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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Sandices humanas




Se observarmos a natureza – e não precisa nem ser através de olhar científico – uma coisa que salta aos olhos é a diversidade de formas dos corpos dos animais (óbvio demais) e a relação da forma com a classificação do animal dentro do reino. Assim, mamíferos quase sempre têm quatro membros, insetos sempre têm seis membros, aves sempre têm duas pernas, por exemplo. Claro, não só o número de membros relaciona-se com o animal do qual falamos, outras características anatômicas também são notáveis: mamíferos não têm asas exceto os morcegos; peixes não têm sangue quente exceto os atuns, e por aí vai.
Dentre os mamíferos, aquele que mais nos chama atenção e que mais nos preocupa é o Homo sapiens, por razões mais que naturais. Esse complexo bicho – não mais complexo que o rato ou o ornitorrinco – é classificado segundo Lineu como: Domínio -Eucarionte - Os eucariotas são os organismos vivos unicelulares ou pluricelulares constituídos por células dotadas de núcleo, distinguindo-se dos procariotas, cujas células são desprovidas de um núcleo bem diferenciado; Reino – Animal – Também chamado Animália, o reino animal é composto por seres vivos pluricelulares, heterotróficos, cujas células formam tecidos biológicos, com capacidade de responder ao ambiente que os envolve ou, por outras palavras, pelos animais; Filo – Cordato; Classe – Mamífero; Ordem – primata; Família – Homideo; Gênero – Homo; Espécie – Homo sapiens. Havendo quem ainda classifique o bípede falante como uma subespécie, sapiens sapiens, o que não é muito sapiens por parte de quem assim pensa, pois para existir um duplo sapiens deveria existir um sapiens simples diferente de nós, o que não acontece. Somos os únicos sapiens que se conhece.
Pois bem, aqui está esse primo chegado de primatas arbóreos como o chimpanzé, o orangotango e o gorila, todo refestelado andando sobre duas pernas e tendo os membros superiores livres para praticar suas artes. E, justamente, essas artes as quais pratica é o que o diferenciam de seus parentes peludos, pois se olharmos nossa constituição genética temos menos de meio por cento de diferença com os chimpanzés. Não somos tão especiais assim, tivemos apenas a sorte de sermos providos com mãos hábeis ao invés de pernas anteriores, e isso nos tornou arrogantes e metidos.
Mas, o que realmente nos torna especiais, é pensar que somos especiais, é fácil imaginar que se moscas se acham especiais lá naquele cérebro tão diminuto quanto desconhecido pelo homem, elas são especiais ao modo delas. Quem pode contestar isso? As moscas – ou a lesmas, ou as bactérias – têm tanto direito de nos julgar quanto nós o temos de julgá-las. Será que as formigas não riem de nós – riso de formiga, é claro – achando que somos tronchos, vagos e bestunsófilos sísmicos? Lembrando que bestunsófilo é termo formigal que tem significado claro para elas, mas é completamente intraduzível para qualquer idioma humano. Já, sísmico, é isso que entendemos mesmo: causador de abalos. É só lembramos que quando pisamos num formigueiro deve haver abalo bem significativo na escala Endopterigota delas. Inferindo ainda que essa escala usada pelas formigas pode medir magnitudes de 01 a 100.000 endos, sendo o menor índice, 01 o abalo causado por uma pisada de besouro e 100.000 a pisada de um elefante, ficando a pisada do homem entre os cinco e dez mil endos.
Então vaga o bicho homem, arrogante, pelos espaços disponíveis do Planeta, “se achando”. Julgando-se o ápice da criação, criando em sua mente privilegiada até um Ente Supremo que a tudo criou e tudo controla e que, na sua sabedoria primordial, trouxe á luz um ser a Sua imagem e semelhança. Da para acreditar em tamanha presunção?
Pois é, esse ser “especial” criado a semelhança do Criador, pensa que é melhor que a formiga a qual esmaga sem piedade com seus pés maldosos. Esse ser que é um animal como qualquer outro e não é especial no sentido de ter privilégios. A marcha da natureza, - isso os cientistas já provaram – faz com que de tempos em tempos sejam eliminados da face da Terra, seres incompetentes ou que não se adequaram com perfeição a novos ambientes ou novos climas. Comprovadamente a natureza já se livrou sete vezes dos menos adaptados. Se o Homo sapiens for realmente sapiens e tiver um cagagésimo de humildade lhe será fácil verificar que está em rota de colisão direta com sua própria extinção. Se a arrogância do homem não lhe tolher a capacidade de julgamento e não turvar sua visão, ele será capaz de enxergar um futuro próximo do Planeta, onde ainda existirão milhares de espécies animais em pleno gozo de suas existências profícuas, sem qualquer ser humano até onde a vista puder alcançar. Poderá ver algo como o paraíso na Terra, onde animais e vegetais interagem e uns servem de alimento aos outros em troca de insumos que os comensais dejetam para os comidos.
Se a natureza fosse uma grande e complexa orquestra, poderíamos atribuir a cada membro, vegetal, mineral ou animal, uma função dentro dessa orquestra, menos para o homem. O homem seria a nota dissonante dentro da harmonia dessa imensa organização. Agora podemos perguntar: Porque esse animal racional e falante não se enquadra? Por que é o único ser que “rema contra a maré” por assim dizer? Parece que esse animal bípede não se acostumou devidamente com seu cérebro grande e criativo de concepção ainda recente. É razoável supor que depois que o cérebro humano se desenvolveu e deu ao seu portador esse imenso poder, essa capacidade tão grande quanto desconhecida de criar e deduzir coisas, o homem ainda não tenha “se acostumado” a usá-lo devidamente, não saiba controlá-lo para obter dele eficiência e trabalho produtivo de longo prazo. Algo assim como colocar um carro de fórmula um na mão de um neófito que mal sabe dirigir. É de se esperar que nada de bom saia dessa combinação: amador & máquina potente. Daí, podemos inferir que se não nos destruirmos nos próximos milênios e consigamos sobreviver apesar de nossa bisonha manipulação do cérebro “fórmula um” que temos, teremos, enfim, lucidez para perceber nossos erros e nos redimirmos. Só então, como o astronauta David do filme “2001 Uma odisséia no espaço”, renasceremos (como espécie e não como indivíduos) em nós mesmos e viveremos em paz e harmonia com a natureza. JAIR, Natal, 29/03/12.

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