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sábado, 22 de outubro de 2011

Sobre racismo

Texto publicado no blogue www.jairclopes.blogspot.com em 24/04/11.

Sem dúvida, a discriminação entre os assim chamados brancos e os assim chamados negros tem gerado uma das mais sérias ameaças à paz duradoura no nosso planetinha azul. À parte os argumentos imbecis e vazios sobre a suposta disparidade intelectual entre brancos e negros, ou entre brancos e “latinos”, (aliás, o que será um latino?) a divisão da humanidade nessas rígidas categorias é, em si mesma, totalmente estúpida. Na realidade biológica não há pessoas verdadeiramente negras ou verdadeiramente brancas. Sem dúvida, o grau de pigmentação da pele difere nas populações das diferentes partes do mundo. A função da pigmentação, como proteção dos raios ultravioleta do sol, exige que assim seja: à medida que se caminha para o equador, aumenta a concentração de raios ultravioleta, exigindo maior proteção. Portando, é de se esperar que as populações estabelecidas há longo tempo perto do equador sejam mais pigmentadas do que aquelas que vivem longe dele. Isso, entretanto, produz diferentes tonalidades de marrom, não apenas de preto e branco. Há virtualmente milhares de tonalidades entre o preto e branco, então é rematada estultice estabelecer fronteiras entre as duas cores.
O fato de uma pele ser muito pigmentada, num ambiente na qual ela é exposta a um alto grau de radiação ultravioleta, é sinal de harmonia biológica com o ambiente, e não pode, em nenhum sentido, servir de base racional crítica a capacidade social ou intelectual das pessoas. Quando as primeiras populações mudaram-se para o norte, para climas mais frios, reduziu-se a necessidade de pigmentação das peles e estas tornaram-se pouco a pouco mais claras. Deduz-se: todos somos descendentes de indivíduos de pele escura. À medida que as populações migrantes se mudaram mais para o sul, através da América do Norte, adentrando a América do Sul, reapareceu, mais uma vez, a necessidade de proteção, e, mais uma vez, a pigmentação aumentou. Deduz-se: todos, descendentes de nativos americanos, somos descendentes de indivíduos de pele branca. O fato de que em geral as peles dos americanos equatoriais não são tão escuras quando a dos africanos equatoriais é, com muita probabilidade, consequência do tempo bastante curto que houve para a pigmentação evoluir nesta parte do Planeta. Portanto, os graus de pigmentação da pele das diferentes populações do mundo refletem a adaptação a seus diferentes ambientes físicos, e apenas isso, racistas de plantão! A mobilidade social deste e do século passado tem, sem dúvida, encurtado o caminho para essas adaptações e causado problemas tantos para os cientistas sinceros que desejam mostrar a idiotice do racismo, como para os racistas que passaram a ter maiores dificuldades em rotular as pessoas por suas origens.
Quando pessoas de pele clara viajam por países de clima quente, a radiação solar cobra sem demora seus dividendos à pele destituída de melanina, a despeito dos filtros solares de graus elevados. Os turistas europeus que visitam nosso país no verão corroboram esse fato. E quando as pessoas muito pigmentadas vivem em climas de pouco sol como a Suécia, por exemplo, têm que adicionar mais vitamina “D” às suas dietas, porque esta vitamina é produzida com menos eficiência na sua pele naturalmente protegida.
A tendência de classificar certas populações como negras, enquanto se abriga os demais num exclusivo “clube” de brancos, é, portanto, duvidosa, discricionária e rematada necedade. E é mais do que uma questão de mero formalismo fazer objeção a esses termos, porque a separação dos grupos é explorada para permitir a existência de abismos sociais e econômicos, com os “brancos” do lado certo e os “negros” do lado errado, embora não exista base para essa divisão. Com o rótulo de “negro” na mão é muito fácil a pessoa “branca” aplicá-lo a qualquer grupo “apropriado” de indivíduos, atribuindo um conjunto de características arbitrariamente globais (promíscuos como VOCÊ! diria algum deputado racista da África do Sul, por exemplo), enquanto ela mesma se refugia atrás da conveniência de seu próprio rótulo. Tal prática não é mais que uma técnica eficaz (e burra) de ignorar as realidades do mundo, e substituí-las por preconceitos inflexíveis. Ao contrário do que pregam os racistas, não há características globais, nem de “brancos”, nem de “negros”, pela simples razão de que esses grupos, como tais, não existem, são meras criações de mentes estultas. Há, contudo, apenas a característica global de se pertencer à espécie humana, com talvez cinco milhões de anos de evolução do Homo por trás de cada um de nós.
O uso dos termos “brancos” e “negros” precisa ser deixado de lado como um primeiro passo para nos libertarmos do conceito divisório que há por trás disso. O atual status econômico e social das populações do mundo, que mostra uma minoria de pessoas de pele clara abocanhando a maior parte dos recursos do Planeta, é resultado do desenvolvimento histórico, ao qual faltou o mais das vezes qualquer vestígio de dignidade humana e de justiça. Com a palavra os “descobridores”, missionários religiosos e colonizadores europeus e suas conquistas de terras na Ásia, África e Novo Mundo. O imperialismo político e econômico do passado não pode ser usado para defender sua permanência no presente. Por certo, esse domínio da chamada raça branca não tem qualquer fundamento científico e social. Se essa divisão continuar ela ferirá mortalmente o coração da humanidade e, por fim, a destruirá. A escolha se impõe pela simplicidade: ou a verdadeira fraternidade universal dos Homoé reconhecida, seja qual for o grau de pigmentação da pele, ou o futuro será a desagregação com grande risco de extinção. JAIR, Floripa, 24/04/11.

3 comentários:

Luísa Nogueira disse...

Oi, Jair,

Compartilhei seu texto no Twitter e no Facebook.

Acho que tudo é uma questão de educação. Com as novas matérias recentemente introduzidas nos currículos das escolas brasileiras (ainda não suficientes, mas já é um passo), as mentes das pessoas 'paradas no tempo' vão se abrir e, com isso, olharem com outros olhos seus irmãos, quer sejam brancos, negros ou vermelhos.

Concordo com você quando as chama de 'burras', mas mais burras ainda são aquelas que se dizem - e agem! - como xenofobistas! Representam o grau máximo da ignorância, da falta de conhecimentos e da idiotice!

Um ótimo final de semana!

Alexandre Taissum disse...

Jair,
Já tinha uma pequena ideia de que essa “descoloração de pele” seguia nessa linha, porém sem os valiosos detalhes que você pesquisou e descreveu para enriquecer nossos conhecimentos.
Meses atrás postei algo sobre a lei de cotas que foi implantada aqui no Brasil, ao qual considero imbecilmente discriminatória, puramente eleitoreira e sem a verdadeira visão social que nos induzem acreditar.
Sabemos que muitos dos brasileiros são descendentes diretos ou indiretos dos chamados negros pela crescente miscigenação, o que acarretaria se levado ao pé da lei, um expressivo excesso de contingentes nessa suposta categoria oportunamente recriada pelas más intenções dos legisladores.
Se quisessem realmente fazer valer verdadeiras regras sociais, essas deveriam destacar o atendimento prioritário aos pobres, indiferentes às cores de suas peles.
Valeu, Jair! Obrigado pela aula.
O bom de iniciar a leitura dos seus textos, é que a gente sempre termina mais inteligente...
Felicidades pra você e família.

JAIRCLOPES disse...

Luiza e Alexandre,
Agadeço a ambos pelo prestígio ao lerem meu texto e expressarem suas opiniões. Abraços, JAIR.

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