Ilustração retirada da internet.
Texto publicado em junho de 2009 no blog: www.jairclopes.blogspot.com
Um dos mais importantes e incompreendidos animais da natureza é a minhoca. As coitadas, o mais das vezes, são lembradas só pelo potencial que representam na hora de pescar uns lambaris. Contudo, elas são particularmente sensíveis ao frio, ao excesso de umidade e a ambientes muito ácidos ou muito alcalinos, não são animais resistentes, mas são extremamente úteis. Portanto, pode guardar a vara de pescar, porque esse bicho é muito mais do que um simples ajudante na captura de peixes.
A minhoca é um anelídeo, isto é, seu corpo é formado por segmentos em forma de anéis, que variam de número entre sete para as minhocas menores de quatro centímetros, e quinhentos para as minhocoçus que podem chegar a dois metros de comprimento. Mas, a maior minhoca encontrada até o presente é a gigante australiana que chega a três metros e meio, e está em processo de extinção. A minhoca não possui sistema auditivo nem visual, mas tem um sistema digestivo completo, numa extremidade fica a boca sem dentes ou mandíbulas e na extremidade inversa da cabeça está o orifício anal por onde excretam o húmus. Ela respira pela pele. Se você cortá-la em dois pedaços ela se transforma em duas, cada parte cria a extremidade faltante e se transforma em outro ser vivo, resultando que uma minhoca cortada é igual a duas minhocas. A esse processo se dá o nome de regeneração.
Ao longo da evolução a minhoca tornou-se, na vida real, o bicho que traduz aquilo que os escritores de ficção científica criaram na imaginação, um animal que se reproduz a partir de restos do ser original. Elas são hermafroditas, pois cada uma possui testículos e ovários. Porém, uma minhoca não é capaz de se reproduzir sozinha, necessitando sempre de outra para a troca de espermatozóides. Na cópula, se unem pelo clitelo (órgão reprodutor) e se separam depois da troca de espermatozóides. Cada verme produz um casulo cheio de ovos depositando-o no solo. A urina é excretada pelos poros próximos aos anéis e o muco viscoso que sai pela pele, além de impermeabilizar as paredes das galerias, tem propriedades imunizadoras. Embora se desloquem para frente e para trás, elas não têm sentido de direção e a lógica de seu deslocamento se deve à capacidade de captar vibrações do meio ambiente onde se encontram. Passando o dedo na sua região ventral, de trás para frente, sentimos que a pele do animal é áspera, devido à presença de fileiras de microscópicas cerdas de quitina. As minhocas fixam as pontas das cerdas no solo, facilitando o seu arrastamento, quando contrai a forte musculatura da parede do corpo.
Em geral se pensa que o alimento da minhoca é somente terra. É verdade, grande parte das espécies de minhocas vive em solos mais profundos constituídos essencialmente por terra, que elas engolem para se alimentar. Outras, entretanto, habitam as camadas superiores do solo, abundantemente ricas de restos orgânicos e escassos de partículas minerais. As minhocas de ambos os grupos, alimentando-se de terra ou não, ingerem o substrato em que habitam para se sustentarem de nutrientes que constituem a matéria-orgânica, são capazes de ingerir seu peso em alimentos diariamente. Podem ser consideradas onívoras por se alimentarem de restos vegetais e animais em diferentes graus de decomposição, depostos em diversas profundidades do solo. O exame do conteúdo da parte do tubo digestivo que antecede à moela permite discriminar as duas categorias. Se houver restos orgânicos com estrutura celular reconhecível, a espécie é uma minhoca detritívora (que se alimenta de detritos animais e vegetais). Por outro lado, se contiver restos orgânicos amorfos, sem estrutura celular reconhecível, misturados a partículas minerais, trata-se de uma minhoca geófaga (que come terra).
Mas, independente dessas características, digamos, exóticas, o vermezinho é um ser fascinante pelo modo de vida simplesmente. Todo mundo conhece as minhocas e a maioria, talvez, já pescou usando-as como isca, mas a minhoca contribui de várias maneiras para melhorar as propriedades do solo. Para começar, os buracos que ela faz na terra ajudam a arejá-la e permitem que a água circule melhor por ali. Além disso, suas fezes são cheias de nutrientes que enriquecem o solo. Tudo isso é bom para as plantas, que retiram da terra a água e os nutrientes que precisam para crescer. Algumas minhocas adoram metais pesados sob minas abandonadas na Grã-Bretanha e devoram chumbo, zinco, arsênico e cobre. Estas minhocas excretam compostos levemente diferentes destes metais, fazendo com que as plantas que necessitam deles para seu metabolismo, possam absorvê-los mais facilmente. Cultivando e colhendo estas plantas, pode-se deixar este solo mais limpo.
Não obstante essas qualidades, as minhocas são uma importante fonte de proteínas, pássaros, peixes e pequenos mamíferos que o digam. Vejamos, portanto: Neste mundo preocupado com qualidade de vida; voltado para consumo preferencial de alimentos orgânicos; inquieto com a deterioração do solo e da água pelo uso excessivo de pesticidas; consciente que, se não fizer alguma coisa para conservar a qualidade da terra agriculturável, poderá desaparecer da face do planeta por falta de alimentos; certo que o maior risco à estabilidade global é o potencial da crise gerada pela escassez alimentar, a minhoca parece fazer parte da solução. Para isso, minhocários em todo o mundo estão produzindo milhões desses vermezinhos com a finalidade de melhorar a qualidade de nossa agricultura e, quem sabe, perpetuar a vida do homo sapiens no planeta. Viva a MINHOCA! JAIR, Canoas, 07/06/09.
A minhoca é um anelídeo, isto é, seu corpo é formado por segmentos em forma de anéis, que variam de número entre sete para as minhocas menores de quatro centímetros, e quinhentos para as minhocoçus que podem chegar a dois metros de comprimento. Mas, a maior minhoca encontrada até o presente é a gigante australiana que chega a três metros e meio, e está em processo de extinção. A minhoca não possui sistema auditivo nem visual, mas tem um sistema digestivo completo, numa extremidade fica a boca sem dentes ou mandíbulas e na extremidade inversa da cabeça está o orifício anal por onde excretam o húmus. Ela respira pela pele. Se você cortá-la em dois pedaços ela se transforma em duas, cada parte cria a extremidade faltante e se transforma em outro ser vivo, resultando que uma minhoca cortada é igual a duas minhocas. A esse processo se dá o nome de regeneração.
Ao longo da evolução a minhoca tornou-se, na vida real, o bicho que traduz aquilo que os escritores de ficção científica criaram na imaginação, um animal que se reproduz a partir de restos do ser original. Elas são hermafroditas, pois cada uma possui testículos e ovários. Porém, uma minhoca não é capaz de se reproduzir sozinha, necessitando sempre de outra para a troca de espermatozóides. Na cópula, se unem pelo clitelo (órgão reprodutor) e se separam depois da troca de espermatozóides. Cada verme produz um casulo cheio de ovos depositando-o no solo. A urina é excretada pelos poros próximos aos anéis e o muco viscoso que sai pela pele, além de impermeabilizar as paredes das galerias, tem propriedades imunizadoras. Embora se desloquem para frente e para trás, elas não têm sentido de direção e a lógica de seu deslocamento se deve à capacidade de captar vibrações do meio ambiente onde se encontram. Passando o dedo na sua região ventral, de trás para frente, sentimos que a pele do animal é áspera, devido à presença de fileiras de microscópicas cerdas de quitina. As minhocas fixam as pontas das cerdas no solo, facilitando o seu arrastamento, quando contrai a forte musculatura da parede do corpo.
Em geral se pensa que o alimento da minhoca é somente terra. É verdade, grande parte das espécies de minhocas vive em solos mais profundos constituídos essencialmente por terra, que elas engolem para se alimentar. Outras, entretanto, habitam as camadas superiores do solo, abundantemente ricas de restos orgânicos e escassos de partículas minerais. As minhocas de ambos os grupos, alimentando-se de terra ou não, ingerem o substrato em que habitam para se sustentarem de nutrientes que constituem a matéria-orgânica, são capazes de ingerir seu peso em alimentos diariamente. Podem ser consideradas onívoras por se alimentarem de restos vegetais e animais em diferentes graus de decomposição, depostos em diversas profundidades do solo. O exame do conteúdo da parte do tubo digestivo que antecede à moela permite discriminar as duas categorias. Se houver restos orgânicos com estrutura celular reconhecível, a espécie é uma minhoca detritívora (que se alimenta de detritos animais e vegetais). Por outro lado, se contiver restos orgânicos amorfos, sem estrutura celular reconhecível, misturados a partículas minerais, trata-se de uma minhoca geófaga (que come terra).
Mas, independente dessas características, digamos, exóticas, o vermezinho é um ser fascinante pelo modo de vida simplesmente. Todo mundo conhece as minhocas e a maioria, talvez, já pescou usando-as como isca, mas a minhoca contribui de várias maneiras para melhorar as propriedades do solo. Para começar, os buracos que ela faz na terra ajudam a arejá-la e permitem que a água circule melhor por ali. Além disso, suas fezes são cheias de nutrientes que enriquecem o solo. Tudo isso é bom para as plantas, que retiram da terra a água e os nutrientes que precisam para crescer. Algumas minhocas adoram metais pesados sob minas abandonadas na Grã-Bretanha e devoram chumbo, zinco, arsênico e cobre. Estas minhocas excretam compostos levemente diferentes destes metais, fazendo com que as plantas que necessitam deles para seu metabolismo, possam absorvê-los mais facilmente. Cultivando e colhendo estas plantas, pode-se deixar este solo mais limpo.
Não obstante essas qualidades, as minhocas são uma importante fonte de proteínas, pássaros, peixes e pequenos mamíferos que o digam. Vejamos, portanto: Neste mundo preocupado com qualidade de vida; voltado para consumo preferencial de alimentos orgânicos; inquieto com a deterioração do solo e da água pelo uso excessivo de pesticidas; consciente que, se não fizer alguma coisa para conservar a qualidade da terra agriculturável, poderá desaparecer da face do planeta por falta de alimentos; certo que o maior risco à estabilidade global é o potencial da crise gerada pela escassez alimentar, a minhoca parece fazer parte da solução. Para isso, minhocários em todo o mundo estão produzindo milhões desses vermezinhos com a finalidade de melhorar a qualidade de nossa agricultura e, quem sabe, perpetuar a vida do homo sapiens no planeta. Viva a MINHOCA! JAIR, Canoas, 07/06/09.
4 comentários:
Tão útil e muitas vezes tão desprezada, não é? Suas aulas-posts são cada vez mais ricas, com informações detalhadas e que nos ensinam sobre a vida dos pequenos seres deste planeta. É aprendendo sobre eles que poderemos conviver em paz com todos, seja animais vertebrados ou invertebrados...
Obrigado Luiza,
Minha intenção é justamente essa. Ao conhecermos passamos a respeitar, ao respeitar preservamos, ao preservarmos sobreviveremos. Abraços, JAIR.
Jair
Gosto destes textos didáticos, coloco aqui algumas observações que anotei, quando fiz um curso de minhocultura:
- A minhoca é composta por quase 90% de água;
- A depender da espécie, o tempo de vida da minhoca pode variar entre 2 a 16 anos;
- Os anelídeos existem a mais ou menos 600 milhões de anos;
- O McDonalds quase foi a falência, devido a alvoroçada suspeita de utilizar carne de minhoca em lugar da carne de vaca. Parece que era somente boato.
- A minhoca possui vários rins (não me lembro quantos, talvez um par a cada anel)com a finalidade de filtrar os dejetos, que serão espelidos pela urina, esta, rica em amônia e uréia.
Diz-se por aí, "quem guarda tem", estou feliz por ter meu caderninho guardado. Melhor que o Google.
Abraços
Interessante a matéria sobre este e.t., que vive na Terra provavelmente há mais tempo do que nós humanos.
O Alm. Águia também entende do assunto.
Eu só me lembro que, quando ia pescar com meu pai, em Barra do Ribeiro, eu tinha pena de botar os bichinhos no anzol, e o velho é que fazia isto.
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