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quarta-feira, 1 de junho de 2016

Mimetismo



Se você olha no meio da floresta
Mas nada vê, enxerga ou atesta
Será o camaleão possivelmente
Camuflado, do galho indiferente.

O bicho escondido é fenomenal
Há quem confunda com vegetal
Mas é tão somente um disfarce
Que lhe impede qualquer realce.

Ele se alimenta de muitas cores
Que o tornam parte do ambiente
Que lhe impedem de sentir dores.

O camaleão um bicho inteligente
Não será encontrado onde fores
Pois oculto faz parecer ausente.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A Grande Lua ( Goiânia, 27 de setembro de 2015)



Imagens do Céu de Goiânia, momentos antes da Lua Vermelha. Infelizmente não foi possível outras imagens, pois no local que me encontrava, começou a chover!!!!

 (Helena Bernardes)

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Um momento de Oração pelo Planeta Terra



Que a Humanidade tenha muita Harmonia, Saúde, Paz e Luz, conectados diariamente, com nosso Mestre Jesus! (Helena Bernardes)

E Viva nossa Irmã Árvore!





Embrenhar no mato e registrar as belezas da Natureza, faz um bem enorme para o corpo e para o espírito. Mês de setembro é ótimo para fazer isso! Afinal, os ipês estão floridos e alegra muito a chegada da Primavera!



Adoro me embrenhar no mato no mês de setembro! Desta vez fui bem acompanhada...meu filho  e amigos! Já plantei muitas árvores por aí e ainda hei de plantar muito mais!

sábado, 29 de novembro de 2014

Racismo é burrice




Sem dúvida, a discriminação entre os assim chamados brancos e os assim chamados negros tem gerado uma das mais sérias ameaças à paz duradoura no nosso planetinha azul. À parte os argumentos imbecis e vazios sobre a suposta disparidade intelectual entre brancos e negros, ou entre brancos e “latinos”, (aliás, o que será um latino?) a divisão da humanidade nessas rígidas categorias é, em si mesma, totalmente estúpida. Na realidade biológica não há pessoas verdadeiramente negras ou verdadeiramente brancas. Sem dúvida, o grau de pigmentação da pele difere nas populações das diferentes partes do mundo. A função da pigmentação, como proteção dos raios ultravioleta do sol, exige que assim seja: à medida que se caminha para o equador, aumenta a concentração de raios ultravioleta, exigindo maior proteção. Portando, é de se esperar que as populações estabelecidas há longo tempo perto do equador sejam mais pigmentadas do que aquelas que vivem longe dele. Isso, entretanto, produz diferentes tonalidades de marrom, não apenas de preto e branco. Há virtualmente milhares de tonalidades entre o preto e branco, então é rematada estultice estabelecer fronteiras entre as duas cores.
O fato de uma pele ser muito pigmentada, num ambiente na qual ela é exposta a um alto grau de radiação ultravioleta, é sinal de harmonia biológica com o ambiente, e não pode, em nenhum sentido, servir de base racional crítica a capacidade social ou intelectual das pessoas. Quando as primeiras populações mudaram-se para o norte, para climas mais frios, reduziu-se a necessidade de pigmentação das peles e estas tornaram-se pouco a pouco mais claras. Deduz-se: todos somos descendentes de indivíduos de pele escura. À medida que as populações migrantes se mudaram mais para o sul, através da América do Norte, adentrando a América do Sul, reapareceu, mais uma vez, a necessidade de proteção, e, mais uma vez, a pigmentação aumentou. Deduz-se: todos, descendentes de nativos americanos, somos descendentes de indivíduos de pele branca. O fato de que em geral as peles dos americanos equatoriais não são tão escuras quando a dos africanos equatoriais é, com muita probabilidade, consequência do tempo bastante curto que houve para a pigmentação evoluir nesta parte do Planeta. Portanto, os graus de pigmentação da pele das diferentes populações do mundo refletem a adaptação a seus diferentes ambientes físicos, e apenas isso, racistas de plantão! A mobilidade social deste e do século passado tem, sem dúvida, encurtado o caminho para essas adaptações e causado problemas tantos para os cientistas sinceros que desejam mostrar a idiotice do racismo, como para os racistas que passaram a ter maiores dificuldades em rotular as pessoas por suas origens.
Quando pessoas de pele clara viajam por países de clima quente, a radiação solar cobra sem demora seus dividendos à pele destituída de melanina, a despeito dos filtros solares de graus elevados. Os turistas europeus que visitam nosso país no verão corroboram esse fato. E quando as pessoas muito pigmentadas vivem em climas de pouco sol como a Suécia, por exemplo, têm que adicionar mais vitamina “D” às suas dietas, porque esta vitamina é produzida com menos eficiência na sua pele naturalmente protegida.
A tendência de classificar certas populações como negras, enquanto se abriga os demais num exclusivo “clube” de brancos, é, portanto, duvidosa, discricionária e rematada necedade. E é mais do que uma questão de mero formalismo fazer objeção a esses termos, porque a separação dos grupos é explorada para permitir a existência de abismos sociais e econômicos, com os “brancos” do lado certo e os “negros” do lado errado, embora não exista base para essa divisão. Com o rótulo de “negro” na mão é muito fácil a pessoa “branca” aplicá-lo a qualquer grupo “apropriado” de indivíduos, atribuindo um conjunto de características arbitrariamente globais (promíscuos como VOCÊ! diria algum deputado racista da África do Sul, por exemplo), enquanto ela mesma se refugia atrás da conveniência de seu próprio rótulo. Tal prática não é mais que uma técnica eficaz (e burra) de ignorar as realidades do mundo, e substituí-las por preconceitos inflexíveis. Ao contrário do que pregam os racistas, não há características globais, nem de “brancos”, nem de “negros”, pela simples razão de que esses grupos, como tais, não existem, são meras criações de mentes estultas. Há, contudo, apenas a característica global de se pertencer à espécie humana, com talvez cinco milhões de anos de evolução do Homo por trás de cada um de nós.
O uso dos termos “brancos” e “negros” precisa ser deixado de lado como um primeiro passo para nos libertarmos do conceito divisório que há por trás disso. O atual status econômico e social das populações do mundo, que mostra uma minoria de pessoas de pele clara abocanhando a maior parte dos recursos do Planeta, é resultado do desenvolvimento histórico, ao qual faltou o mais das vezes qualquer vestígio de dignidade humana e de justiça. Com a palavra os “descobridores”, missionários religiosos e colonizadores europeus e suas conquistas de terras na Ásia, África e Novo Mundo. O imperialismo político e econômico do passado não pode ser usado para defender sua permanência no presente. Por certo, esse domínio da chamada raça branca não tem qualquer fundamento científico e social. Se essa divisão continuar ela ferirá mortalmente o coração da humanidade e, por fim, a destruirá. A escolha se impõe pela simplicidade: ou a verdadeira fraternidade universal dos Homoé reconhecida, seja qual for o grau de pigmentação da pele, ou o futuro será a desagregação com grande risco de extinção. JAIR, Floripa, 24/04/11.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Gatos e marinheiros


Todos sabemos que a evolução dos seres vivos deste Planeta se faz através de adaptações ao meio, de forma que o mais apto tem maior possibilidade de sobrevivência e de deixar descendentes. A lógica da evolução é muito simples. Em todos os seres vivos existem variações, assim como cores, tamanhos, aptidões e capacidades diversas, as quais são passadas de geração em geração. Nascem mais indivíduos do que são capazes de viver e procriar, o que equivale dizer que se o indivíduo morre cedo em geral não deixa descendentes. Em consequência, desenvolve-se uma batalha por permanecer vivo e encontrar um(a) parceiro(a). Nessa luta aqueles que possuem certas variantes (os mais aptos, no dizer de Darwin) prevalecem sobre os que não as têm. Tais diferenças passam para seus herdeiros pela capacidade de transmitir genes – seleção natural – significa que formas favoráveis tornam-se mais comuns com o passar das gerações.
Ocorre que a “disputa” pela sobrevivência opõe carnívoros e herbívoros, por excelência, de forma que uns e outros – gazelas e leões, por exemplo – disputam uma “corrida” evolutiva na qual vence o mais rápido, o mais ágil, o mais esperto. Também, nessa luta, os meios de propagação das espécies estão ligados a mecanismos que tornam isso possível. Assim, as plantas floríferas utilizam veículos que transportam seus pólens para fertilizar “parceiros” que transmitirão seus genes para a geração seguinte. Cada planta desenvolveu “parceria” com o vento, insetos e outros animais para se perpetuar.
O trevo vermelho é um caso que resulta numa boa estória. Até Darwin observou que o trevo vermelho é polinizado tão somente pela mamangaba, uma espécie de abelha grande, aliás, em alguns lugares chamada de abelhão. Este é único inseto que pelo seu porte é capaz de se introduzir no âmago da flor para retirar o néctar que lhe garante a sobrevivência e, desse modo, “sujar-se” do pólen que vai engravidar outra planta da mesma espécie. É tão completamente biunívoca essa relação trevo/mamangaba que um deixará de existir se o outro desaparecer, segundo entomologistas e botânicos.
Exemplo gritante dessa relação encontra-se na Nova Zelândia. Para lá foram transplantados trevos vermelhos que são alimentação excelente para o gado vacum. Como essa planta não é natural de lá, foi necessário importar os abelhões para tornar possível a perpetuação dos trevos naquelas bandas. Não havendo predadores das mamangabas na Nova Zelândia, os insetos se multiplicaram com facilidade de forma que os trevos tornaram-se abundantes e viçosos com nítida vantagem para a criação de gado. A carne de gado vacum é abundante, barata e de boa qualidade, de forma que concorre com facilidade com a carne produzida na Europa. A Nova Zelândia agora exporta carne para a Inglaterra, país que lhe forneceu o trevo e os abelhões.
Mas a estória é a seguinte. Na Inglaterra, notou-se, os ninhos dos abelhões naturais dos campos são mais abundantes nas proximidades das aldeias e pequenas cidades. E que essas mesmas aglomerações humanas têm muitos gatos domésticos. Como o predador natural dos abelhões é o rato, onde há gatos a população de ratos diminui e a das mamangabas aumenta, de modo que o trevo vermelho se beneficia da polinização que esse aumento propicia. Mais trevo disponível, gado mais gordo, sadio e abundante. E a estória continua. O trevo abundante graças aos gatos resulta em produção alentada de carne que é alimentação principal dos marinheiros. Há, portanto, a inferência que gatos fizeram da Inglaterra vitoriana a grande potência marítima que determinou o formato do mundo hoje. Em seguida, Thomas Huxley sugere que as solteironas britânicas com sua mania de adotar gatos, são responsáveis pelo poderio da marinha da Inglaterra.  
Para fechar o círculo, o francês Fischesser é de opinião que o poderio marítimo inglês ao privar de maridos as mulheres, estas se voltam para criação de gatos que, em última análise, são responsáveis por esse mesmo poderio marítimo. A sábia natureza com um empurrãozinho do não tão sábio Homo sapiens, pratica uma circunvolução evolucionista que dá um nó até na história moderna. JAIR, Floripa, 15/04/2013. 

domingo, 2 de novembro de 2014

Sobre a vida


Refletindo sobre o que a vida realmente é: uma dádiva da natureza. Para aqueles que acreditam num Ser que a tudo antecede, e que criou a própria natureza, ela é uma dádiva desse Ente. Mas uma dádiva da qual dispomos por apenas algum tempo, sobre a duração da qual não temos a menor ciência e nos é dado apenas o prazer de usufruí-la. Algumas pessoas podem aproveitá-la por mais tempo do que outras, mas todos teremos que deixá-la um dia. Não há exceção e a vida é uma só, não se justifica desperdiçá-la. Alguns, como eu, não enxergam a vida como exercício para um devir, uma passagem para o além, mas como um fim em si mesmo. Todos nossos recursos mentais e organizacionais devem ser voltados para o bem estar e a saúde da vida terrena. Neste caso, egotismo deixa de ser condenável, passa a ser uma virtude. Uma existência hígida, honesta e ativa deve ser o escopo de todas nossas ações. Portanto, num período tão curto seria no mínimo trágico deixar que nossas mentes sejam tomadas pelo veneno das amarguras e da ira. Tais armadilhas desviam nossa energia da finalidade última que é aproveitar melhor nossas vidas e torná-la construtiva, não só para nosso deleite, mas contribuindo para tornar a passagem dos outros pelo Planeta, algo agradável também. A vida se justifica plenamente se vivermos com a mente aberta e atentarmos para o direito que todos têm de viver a seu modo. Não nos é dado o poder de sermos donos da verdade, mas, sim, apenas a faculdade de sermos felizes, e isto é o suficiente. Quando nos formos, o valor de nossas vidas individuais será calculado pelo bem que tenhamos feito aos demais seres enquanto partilhamos este Planetinha azul, e não pelos bens materiais que tenhamos acumulado. JAIR, Floripa, 16/10/11.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Sandices alimentares


Está escrito e não podia ser diferente, alimentar-se é uma necessidade básica dos seres vivos, vem antes da segurança e da impulsão sexual com intuito reprodutivo. Alimento só não tem prioridade sobre respiração e sede, e isto significa que se estivermos respirando e tivermos água à nossa disposição, nossa necessidade primeira é comer. Consequência disso, a busca por alimentos nos primórdios impulsionou o nomadismo do Homo sapiens, de modo que essas peregrinações o levaram a ocupar quase que todas as regiões habitáveis do Planeta. Não é exagero afirmar que a fome criou a civilização, ainda que de forma indireta. Homens que se locomoviam em busca de fontes alimentares acabavam descobrindo e se fixando em locais antes desabitados, construindo novos aldeamentos e enfrentando novos desafios inerentes a esses lugares, de forma que suas descobertas e invenções estavam atreladas a esses ambientes. Novas conquistas representavam enriquecimento cultural e base para civilizações diferentes daquelas anteriores.
Também é compulsório observar que a relativa abundância alimentar facilitava, e às vezes até impelia, uma maior densidade demográfica, isto é, a equação era simples, mais comida mais gente. Não é segredo algum que mais gente significa mais cabeças pensantes e possibilidade maior de existir gente mais capacitada no meio dessas pessoas. Onde há gente capacitada (inteligente) novas criações e aperfeiçoamento se tornam mais fáceis, ou seja, inventos, métodos novos e técnicas melhores se desenvolvem, então teremos forças atuantes em direção a qualidade de vida melhor.
Comendo a humanidade cresceu, multiplicou-se, adquiriu força de, em princípio, dobrar a cada vinte e cinco anos. Muitos anos depois, no início do século dezenove (1803), Thomas Malthus, economista britânico, desenvolveu uma teoria que publicou num trabalho: "Um ensaio sobre o princípio da população ou uma visão de seus efeitos passados e presentes na felicidade humana, com uma investigação das nossas expectativas quanto à remoção ou mitigação futura dos males que ocasiona”. No qual ele afirmava que o Planeta estava fadado a entrar numa crise mundial de fome porque a população aumentava em progressão geométrica enquanto os alimentos só podiam ser incrementados em progressão aritmética. Como o homem era respeitado em seu campo de conhecimento, causou certa inquietação sua teoria então chamada malthusianismo. Na verdade, ele havia subestimado o desenvolvimento e adoção de técnicas modernas de plantio, descobrimento de fertilizantes e defensivos agrícolas que matavam as pragas, então verdadeiras dizimadoras de colheitas. Muita fome fustigou o Planeta desde então, mas nada tem a ver com falta de alimentos, o que existe é uso político dos alimentos e má distribuição de recursos.
Bem, e no varejo, no dia-a-dia das pessoas comuns, como a alimentação influiu nos costumes? Pois é, como o bicho homem havia se espalhado por quase (faltou regiões polares e alguns desertos muito áridos) todo o Planeta, acabou encontrando diferentes condições de produção de alimentos, bem como plantas e animais diferentes que se prestam para a domesticação com fins nutricionais. Assim, é perfeitamente natural que o povo inuit (também conhecido como esquimó) que vive no círculo ártico, não tenha em seu cardápio alimentos vegetais, eles são comedores de carne crua, ou seja, são omófagos de tempo integral e vitalício; também, não se deve estranhar que habitantes do norte África, região onde se situa o deserto do Saara, comam gafanhotos, por exemplo. Cada um se vira como pode e de acordo com os recursos disponíveis.
E quanto ao geral, como está a produção de alimentos no mundo? Vai bem, obrigado. Hoje há excedentes de alimentos nos países desenvolvidos e desperdícios na ordem de trinta por cento dos produtos agrícolas produzidos, segundo a FAO. Há tanta comida sendo produzida em países como os EUA e os mais desenvolvidos da Europa, que o excedente daria para alimentar todas as pessoas que sofrem de desnutrição crônica da África e ainda sobraria algum. Então o que é feito dessa comida toda? Simples, os americanos comem o equivalente calórico ao que três pessoas “normais” deveriam comer para manterem-se saudáveis e produtivas. As protuberâncias abdominais dos americanos, suas doenças do coração e suas academias lotadas são provas desse exagero. Hoje morre mais gente por doenças coronárias e excesso de peso do que de fome neste planetinha azul. Será uma espécie de punição da natureza para com aqueles que não enxergam a má distribuição calórica e protéica no mundo? Não sei, e se alguém sabe deveria berrar, pois o bom cabrito é aquele que berra prá caramba.
Reconhecendo algumas aberrações dignas de nota como o canibalismo, o homem comeu e come praticamente tudo que se move na face da terra, além de milhares de espécies de plantas e fungos. O bicho maior come o menor é um bom adágio para explicar como, na natureza, se comportam aqueles que constroem a cadeia alimentar, tantos os predadores quanto as presas. Já, com respeito ao bípede falante e presunçoso, ele come os menores e os maiores também, falta-lhe humildade para se enquadrar nas regras que vigem entre os animais em estado natural. Sem contar que alguns povos comem bichos selvagens os quais poderiam ficar quietinhos nos nichos, pois não falta proteínas entre esses predadores infames. Os japoneses são o exemplo mais contundente e vergonhoso dessa infâmia, matam baleias para servir sua carne como iguaria fina para os muito ricos, justamente aqueles que não estão nem perto da linha de fome. Se houvesse falta de proteínas no Japão, até seria quase compreensível que eles assassinassem esses mamíferos magníficos, mas não é esse o caso, a carne de baleia no Japão é vendida por algo em torno de trezentos dólares o quilo.
Às vezes eu sinto vergonha de pertencer a essa espécie que gasta bilhões em comida para animais de estimação e não olha os da mesma espécie morrendo de fome no Sudão e na Somália.
Imagino que a pressão da enorme expansão populacional deverá estimular inovações destinadas a superar o problema de milhões de bocas a serem alimentadas. Podemos imaginar que na ausência desse estímulo as inovações podem não acontecer, as grandes realizações humanas sempre foram antecedidas por pressões formidáveis, é só lembrarmo-nos das tecnologias desenvolvidas em consequência das guerras. Será que podemos contar com uma inversão dessa tendência mundial de poucos comerem muito e muitos comerem pouco? Fica a pergunta. JAIR, Floripa, 28/01/12.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sandices animais


Para fins didáticos os homens costumam dividir a natureza em três reinos básicos: mineral, vegetal e animal. Existem reinos como os das moneras e outros mais, mas não é disso que vamos falar, então fiquemos com os três iniciais. Já toquei na vida das plantas em meu texto “Sandices botânicas”, portanto agora é vez de falar dos animais.
A maioria dos homens por ser pretensiosa, arrogante e ignorante costuma não se enquadrar na mesma categoria dos outros animais, parece querer dar a impressão de pertencer a um reino a parte. Até a bíblia no livro de Gênesis faz menção que os animais foram criados para “servir ao homem”. Santa ignorância! Homens e ratos são seres do mesmo reino e um é tão evoluído quanto o outro. São diferentes sim, talvez tão diferentes entre si quando o é um cão de um gato, por exemplo, mas a diferença termina aí. Então vejamos, para aqueles que se julgam muito superiores a esses mamíferos, veio-me à mente que, a propósito do término do "Projeto Genoma", o qual depois de consumir milhões de dólares e milhares de horas das cabeças pensantes mais poderosas do planeta e, de tempos em tempos, movimentar a mídia com notícias sensacionais a respeito de descobertas fantásticas, chegou à conclusão que: contados todos os genes do homem, estes não passam de uns meros trinta mil, o mesmo número de genes do rato. Para a ciência, que achava que os genes do homem chegariam à casa dos cem mil, foi um balde de água fria esta conclusão, pois, se depender dos genes, o arrogante bicho-homem é apenas um rato que fala.
Então, preconceitos e arrogância a parte, o Homo sapiens e centenas de outros animais estabeleceram uma convivência, nem sempre muito pacífica e sem estresse, há milhares de anos e continuam essa relação nos tempos atuais, o mais das vezes com prejuízo para os outros e visível “ganho” para nós a parte “inteligente” do relacionamento.
Mas, como se deu esse consórcio entre o bípede falante e os bichos, em geral, de quatro – alguns, como as abelhas e o bicho da seda têm seis, as aves têm duas e as bactérias e os peixes não têm - patas? Começou há pelo menos dez mil anos quando os primeiros humanos que até então eram nômades caçadores-coletores, resolveram “sossegar o pito”, ou seja, estabeleceram os primeiros assentamentos semi permanentes, ou fixos de fato. Portanto, a relação homem-cão, por exemplo, é muito antiga, isto é, praticamente desde os primeiros alvores do que chamamos civilização. Sabe-se que os homens primitivos domesticaram o lobo asiático e dele, através de seleção genética, foram criando as primeiras “raças” que acabaram dando a origem às centenas que conhecemos na atualidade. Assim, também o onagro (espécie de burrico), o cavalo, reses como cabras, vacas e ovelhas foram sendo introduzidos nas aglomerações semi urbanas. É razoável supor que os primeiros aglomerados humanos produziam rejeitos que atraiam os animais, principalmente em épocas de escassez. Ossos e restos de comida deviam ser convidativos aos lobos famintos, roças e plantações domésticas atraíam os comedores de plantas. Uma vez que os animais se aproximavam, os mais mansos podiam ser capturados e mantidos em cativeiro, ou mesmo apenas dentro do perímetro da aldeia onde recebiam alimentos, se sentiam seguros e podiam procriar sem problema. Deve-se sempre levar em conta que, mesmo na natureza, os animais estão sempre em busca de segurança, alimento e oportunidade de reprodução, e era isso que os homens lhes proporcionavam, daí domesticá-los tornou-se uma consequência da proximidade e da utilidade efetiva ou potencial que representavam.
Mais a civilização avançava rumo à modernidade, mais animais eram incorporados ao já numeroso contingente desses “auxiliares” e às vezes escravos das pessoas. Desde os maciços elefantes asiáticos, passando por renas, cavalos, vacas, coelhos, perus, galinhas, canários, peixes e até bactérias, todos se tornaram parte integrante do cenário civilizatório. Homens e seus animais domesticados construíram a civilização.
Assim, animais antes selvagens agora domesticados atrelados aos homens erigiram o piramidal edifício que suporta a civilização, na maioria das vezes com enorme prejuízo para aqueles e benefícios para estes. Os bichos carregaram gente e as mais diversas cargas no lombo; forneceram suas carnes para alimentação, pele e ossos para roupas abrigos, utensílios e armas; foram e são usados como cobaias nos mais diversos experimentos laboratoriais para obtenção de novos produtos e medicamentos; são sacrificados para uso de seus hormônios como fixados de perfumes e seus lipídios para fabricação de cosméticos; servem para recreação humana desde corridas de cavalos e cães, até brigas de peixes e galos; alem de serem caçados por lazer, como os são veados, gamos, felinos africanos, rinocerontes, bisões e dezenas de espécies de aves.
Enquanto homens exercerem domínio neste Planeta, enquanto continuarem se achando melhores e mais dotados que outros animais, estes estarão sempre na iminência de desaparecer para sempre. Atualmente há registro de milhares de animais que foram extintos, alguns não chegaram nem a ser estudados e conhecidos. Entre estes se encontra o Tilacino, conhecido por Tigre da Tasmânia, um marsupial carnívoro no formato de um cão grande que foi dizimado por caçadores australianos sob a alegação de que comia ovelhas, fato nunca comprovado. O último espécime conhecido foi filmado em cativeiro em 1936, ano em que morreu.
Outro animal, o moa, vivia muito bem nas ilhas neozelandesas só tendo como inimigo a águia haast, ave imensa que era predadora de seus ovos, filhotes e de adultos velhos ou feridos, até que, por volta de 1300 dC, o povo maori chegou e todos os gêneros de moa foram levados ao risco de extinção. Por volta do ano 1400 quase todos os moa são considerados ​ extintos, juntamente com a águia haast que tinha confiado neles como alimento. Alguns relatos confiáveis têm confirmado que alguns espécimes continuaram persistindo nos cantos mais remotos da Nova Zelândia até os séculos 18 e mesmo 19, quando foram sistematicamente caçados pelos colonizadores e definitivamente extintos. No confronto da fauna nativa como os homens estes sempre saem “ganhando” para prejuízo do Planeta. JAIR, Floripa, 26/01/12

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Sandices felídeas


A prodigalidade da natureza, desde muitas centenas de milhões de anos, abriu um leque enorme onde distribui milhões de espécies animais. Dado as profundas e variadíssimas condições ambientais do planetinha azul é compulsório se esperar que uma multiplicidade de seres o habitassem. Assim, através de experimentações, a evolução das espécies foi cobrindo terras e mares com seres animais e vegetais que se adaptaram, através dos milênios, aos ambientes disponíveis. É bem verdade que nem todas as espécies que foram criadas sobreviveram, algumas extinções em massa (sete, no mínimo) foram observadas através dos fósseis que deixaram como prova.
A verdade é que o Planeta já passou por diversas extinções em massa, algumas de proporções megalodônticas, levando ao desaparecimento completo da maioria das espécies, e outras menores, nas quais foram extintos apenas alguns grupos de seres vivos. De qualquer forma, as extinções de grandes proporções marcam a mudança de um período a outro da história da Terra. Por exemplo, a extinção há 500 milhões de anos, chamada do Cambriano, marcou a passagem do período Cambriano para o Ordoviciano.
De certa forma, fica mais ou menos evidente que natureza “aproveita” as extinções - normalmente causadas por convulsões naturais, já que a Terra é um ser vivo – para renovar o plantel. O seja, depois de um grande cataclismo que provoque uma mortandade numerosa, os espaços vazios deixados pelos extintos, vão sendo ocupados por novas espécies que surgem e se desenvolvem. A natureza tem horror ao vácuo. Assim se deu depois que há 65 milhões de anos um asteróide do tamanho do Everest colidiu com a região onde hoje é o golfo mexicano e extinguiu os dinossauros, os quais viviam no Planeta há, pelo menos, 150 milhões de anos. Os bichos eram bem sucedidos evolucionariamente, mas, ao contrário dos crocodilianos que continuam existindo até hoje, não tiveram jogo de cintura para agüentar as mudanças climáticas surgidas em consequência do impacto. Foram para o brejo e deram chance para que os mamíferos que já existiam ocupassem os nichos deixados pelos bichos de sangue frio, o Homo, seja o sapiens ou qualquer uma das outras quatro espécies conhecidas, é produto dessa reengenharia. Porém, antes que alguém ache que essa foi a última extinção registrada, é bom que se diga, há dez mil anos os mamutes foram extintos, talvez com alguma ajudinha humana, mas, provavelmente, por mudanças climáticas de monta.
Então, extintos os dinossauros, os mamíferos puderam soltar a franga e se reproduzir em grande diversidade ocupando todos os cantos do Planeta. Não só os espaços físicos foram reorganizados, como a cadeia alimentar passou a ter nova dinâmica. Plantas eram alimentos de insetos, aves e mamíferos herbívoros, que serviam de alimento aos predadores carnívoros e aos carniceiros. Lembrando que carniceiros em geral não matam as presas, alimentam-se de restos de carcaças mortas por carnívoros ou acometidas de morte natural. Urubus e hienas são exemplos de carniceiros bem sucedidos dos tempos atuais, mas existem muitos outros. Como disse acima, a cadeia alimentar se reorganizou, daí espécies antes inexistentes passaram a ocupar o topo dessa cadeia. Os felinos foram as espécies que mais se destacaram nessa corrida ao pico do Everest, comem os de baixo e ninguém acima se alimenta deles.
Pois então, desde a extinção dos dinossauros, com os mamíferos praticamente dominando o meio campo; muitas espécies se destacando em seus ambientes, como os ursos no hemisfério norte e os grandes herbívoros na África, os felinos ocupando o alto do pódio alimentar, alguns desses animais estão entre os mais belos do Planeta. O felino é animal muito bonito antes de tudo. Mas, além disso, é forte, ágil, extremamente elegante, rápido, flexível e persistente. Existem felinos nas Américas, na África e na Eurásia, mas são inexistentes na Oceania, lá predominam os marsupiais.
Há registros históricos bem recentes – registros feitos pelo Império Romano – os quais dão conta que leões e tigres eram abundantes na Europa, Ásia e África. Hoje temos leões na África, tigres e leões na Ásia, mas a Europa está destituída deles graças à caça e ocupação e desmate de áreas em que viviam. Nas Américas temos linces no hemisfério norte, onças pintadas no hemisfério sul e puma, leão da montanha, suçuarana, onça parda ou cugar nos dois hemisférios. O puma é um felino tão bem sucedido – talvez melhor que qualquer outro - que ocupa espaços desde a fria Patagônia argentina até o frio estado de Oregon nos EUA, passando pelas florestas tropicais da América do Sul e da América Central e pelas montanhas rochosas do nosso irmão do norte. Talvez por isso seja conhecido por tantos nomes.
Mas, dentre todos os belos felinos do Planeta, os tantos que existem na África e até nossa belíssima onça pintada pantaneira, o mais espetacular é o guepardo, bicho parecido com o leopardo, porém mais esguio e com dois riscos verticais na cara como fossem lágrimas. Esse bicho de pelagem pintalgada é o animal terrestre mais rápido Planeta, chega a alcançar mais de 100 quilômetros por hora. Sua estratégia de caça consiste em avaliar a presa de longe e atacar correndo para alcançá-la. É um animal predador, preferindo uma estratégia simples: caçar as suas presas através de perseguições a alta velocidade, em vez de tácticas como a caça por emboscada ou em grupo, mas por vezes, pode caçar em dupla. Consegue atingir velocidades de 115 a 120 km/h, por curtos períodos de cada vez (ao fim de 400 metros de corrida), sendo o mais rápido de todos os animais terrestres, porém, em certa ocasião, avistou-se um guepardo que correu atrás de sua presa por 73 metros em 2 segundos, o que dá uma média de 130 quilômetros horários. Essa maravilhosa máquina de músculos é como um bólido esportivo, é o Lamborghini do reino animal.
Lembremos também que o gato doméstico, Felis catus, provavelmente descendente do Felis silvestri, é um felino como os demais, ou seja, primo dos leões, das jaguatiricas, das onças e até do formidável guepardo. As pessoas que gostam de gatos, na verdade apreciam a independência e a serenidade desses bichos, na natureza eles também são assim. JAIR, Floripa, 04/03/12.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Sandices vitais


Homo sapiens desde que pisou no Planeta sentiu necessidade de encontrar explicações para as coisas, sua bisbilhotice é atávica. Sempre atento a tudo que o cerca, com imensa curiosidade que todo animal parece ter, tenta compreender como as coisas funcionam, como se originaram, qual seu lugar na ordem da natureza, que tipo de utilidade podem ter, se os fenômenos existem independentes uns dos outros ou se estão ligados de alguma maneira. Esse questionamento agudo o levou às descobertas, invenções e procedimentos que tornaram a civilização possível e o nascimento das ciências um imperativo categórico. As perguntas não respondidas conduziram às religiões e ao misticismo em caráter menos ou mais provisório dependendo da capacidade da ciência de encontrar as respostas na medida em que evolui. Mais perguntas respondidas correspondem à luz que implode o obscurantismo das superstições. Contudo, ainda que o conhecimento tenha conduzido a humanidade à senda clara de respostas que iluminam, existe uma pergunta por enquanto irrespondível: o que é a vida? Essa indagação permite conjeturas e especulações filosóficas (Cogito, ergo sum, como cogitou Descartes provavelmente com seus botões), místicas, religiosas, metafísicas e fisiológicas, e é sob essa ótica que faço minhas observações.
Afinal, qual a diferença fundamental entre um ser vivo e um aparentemente desprovido de vida ativa como uma pedra, por exemplo? Será que presença ou ausência de movimento presumem vida e não-vida? A faculdade de replicação é suficiente para definirmos quem está vivo e quem não está? Aliás, será que pedra é um ser vivo que tem o período vital tão dilatado, na ordem de bilhões de anos talvez, que nem sequer percebemos que ela está viva? As respostas, se é que existem, com toda certeza não são encontráveis ali na esquina, ou seja, a partir de simples observação das coisas que nos cercam, o que vemos é apenas constatação que existem seres de uma e de outra natureza, não como e porque eles são o que são. A diferença não reside seguramente nos átomos que os constituem.
Não existe qualquer diferença entre os átomos de carbono de nossos corpos e os da ponta do lápis com o qual escrevemos, ou os do diamante que vemos na joalheria; ou entre o ferro que existe em nossas células e o ferro da panela na qual cozinhamos; ou entre o oxigênio de nosso organismo e o da água que nos banhamos, e assim por diante, em qualquer relação com o material de seres vivos e não vivos. Os blocos constituintes básicos – como tijolos de uma construção - de todos os agregados materiais, tanto vivos como não, pensantes ou não, replicantes ou não, são exatamente os mesmos: átomos. Então não é por aí, não existem átomos vivos e átomos inanimados. O que será então que provoca a diferença? A eureca parece ser as combinações entre os átomos: moléculas de arranjos extremamente mais complexos entre os seres vivos e de complexidade menos acentuada entre os não vivos. Só que essa suposição não se sustenta, falta algo: Um rato vivo e um morto tem as mesmas combinações atômicas e moleculares e, no entanto, não são a mesma coisa, a um deles falta vida. Então, como ficamos? Ficamos a ver a navios, para usar uma frase surrada na falta de outra melhor.
Na verdade, essa falha fundamental da ciência, essa fenda indiscreta na couraça do monstro científico, é o rasgo por onde entram as “explicações” dos fundamentalistas religiosos, vale dizer, dos criacionistas. Funciona mais ou menos assim: “Viu como vocês não conseguem explicar? Então nós o faremos: tudo foi criado por uma força superior que sempre existiu e existirá”. Eles admitem que um ser superior soprou num andróide de barro e este criou vida, assim, a vida seria algo fora do alcance da ciência e da compreensão humana. E ainda afirmam que a mulher foi confeccionada a partir da costela do primeiro homem. Não dá pra ser mais néscia essa conclusão. Empurrar com a barriga quando não se sabe a resposta é uma característica de ignorantes que se conformam com suas ignorâncias. Assim, as superstições continuam prosperando em pleno século vinte e um, o que é lamentável. A estupidez de encontrar uma explicação para a criação de vida humana e deixar os outros animais de lado, já é motivo suficiente para mostrar os becos sem saída que os criacionistas inventam.
Já alguns cientistas (apenas alguns, porque a maioria não quer arriscar sua carreira num assunto tão sem definição) acham que conhecem o processo de criação da vida. Chutam que a vida surgiu a partir de um grau de organização da matéria primordial que existia. Conjeturam que processos fortuitos, mas inevitáveis, teriam criado uma espécie de “sopa primeva” que os cientistas crêem ter constituído os oceanos cerca de 3,7 bilhões de anos atrás. As substâncias orgânicas concentravam-se localmente, talvez em gotículas em suspensão, ou espuma que secava nas margens dos mares. Sob a influência da energia dos raios ultravioleta do sol, combinavam-se em moléculas maiores e mais complexas. Pode-se perguntar por que isso não ocorre hoje. Moléculas assim seriam rapidamente absorvidas, degradadas ou devoradas por bactérias e outros seres vivos. Entes que só apareceram tardiamente no planeta. Naqueles tempos as grandes moléculas orgânicas podiam boiar livremente no caldo cada vez mais denso sem serem molestadas. Num dado momento formou-se por acidente, uma molécula notável, uma molécula que podia replicar-se, estava criada a vida. Sandices, essas suposições são baseadas em muitos “ses”: se isto, se aquilo.
Pois é, acredito que absolutamente ninguém racional neste planetinha azul, pode jactar-se de saber a definição definitiva do que é vida sob o ponto de vista fisiológico. Tampouco se pode afirmar que a ciência já tenha desvendado parte desse mistério, que já tenha algum “caminho andado” na direção de onde se encontra as tábuas da verdade sobre a vida. Os avanços das ciências biológicas, cada vez mais, acrescentam palavreado técnico cheio de firulas, mais com intuito de mostrar serviço, mas que confundem mais do que esclarecem sobre o que se sabe a respeito do que é vida e como ela se originou. O mistério continua

até o próximo capítulo. JAIR, Floripa, 12/02/12.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Sandices humanas




Se observarmos a natureza – e não precisa nem ser através de olhar científico – uma coisa que salta aos olhos é a diversidade de formas dos corpos dos animais (óbvio demais) e a relação da forma com a classificação do animal dentro do reino. Assim, mamíferos quase sempre têm quatro membros, insetos sempre têm seis membros, aves sempre têm duas pernas, por exemplo. Claro, não só o número de membros relaciona-se com o animal do qual falamos, outras características anatômicas também são notáveis: mamíferos não têm asas exceto os morcegos; peixes não têm sangue quente exceto os atuns, e por aí vai.
Dentre os mamíferos, aquele que mais nos chama atenção e que mais nos preocupa é o Homo sapiens, por razões mais que naturais. Esse complexo bicho – não mais complexo que o rato ou o ornitorrinco – é classificado segundo Lineu como: Domínio -Eucarionte - Os eucariotas são os organismos vivos unicelulares ou pluricelulares constituídos por células dotadas de núcleo, distinguindo-se dos procariotas, cujas células são desprovidas de um núcleo bem diferenciado; Reino – Animal – Também chamado Animália, o reino animal é composto por seres vivos pluricelulares, heterotróficos, cujas células formam tecidos biológicos, com capacidade de responder ao ambiente que os envolve ou, por outras palavras, pelos animais; Filo – Cordato; Classe – Mamífero; Ordem – primata; Família – Homideo; Gênero – Homo; Espécie – Homo sapiens. Havendo quem ainda classifique o bípede falante como uma subespécie, sapiens sapiens, o que não é muito sapiens por parte de quem assim pensa, pois para existir um duplo sapiens deveria existir um sapiens simples diferente de nós, o que não acontece. Somos os únicos sapiens que se conhece.
Pois bem, aqui está esse primo chegado de primatas arbóreos como o chimpanzé, o orangotango e o gorila, todo refestelado andando sobre duas pernas e tendo os membros superiores livres para praticar suas artes. E, justamente, essas artes as quais pratica é o que o diferenciam de seus parentes peludos, pois se olharmos nossa constituição genética temos menos de meio por cento de diferença com os chimpanzés. Não somos tão especiais assim, tivemos apenas a sorte de sermos providos com mãos hábeis ao invés de pernas anteriores, e isso nos tornou arrogantes e metidos.
Mas, o que realmente nos torna especiais, é pensar que somos especiais, é fácil imaginar que se moscas se acham especiais lá naquele cérebro tão diminuto quanto desconhecido pelo homem, elas são especiais ao modo delas. Quem pode contestar isso? As moscas – ou a lesmas, ou as bactérias – têm tanto direito de nos julgar quanto nós o temos de julgá-las. Será que as formigas não riem de nós – riso de formiga, é claro – achando que somos tronchos, vagos e bestunsófilos sísmicos? Lembrando que bestunsófilo é termo formigal que tem significado claro para elas, mas é completamente intraduzível para qualquer idioma humano. Já, sísmico, é isso que entendemos mesmo: causador de abalos. É só lembramos que quando pisamos num formigueiro deve haver abalo bem significativo na escala Endopterigota delas. Inferindo ainda que essa escala usada pelas formigas pode medir magnitudes de 01 a 100.000 endos, sendo o menor índice, 01 o abalo causado por uma pisada de besouro e 100.000 a pisada de um elefante, ficando a pisada do homem entre os cinco e dez mil endos.
Então vaga o bicho homem, arrogante, pelos espaços disponíveis do Planeta, “se achando”. Julgando-se o ápice da criação, criando em sua mente privilegiada até um Ente Supremo que a tudo criou e tudo controla e que, na sua sabedoria primordial, trouxe á luz um ser a Sua imagem e semelhança. Da para acreditar em tamanha presunção?
Pois é, esse ser “especial” criado a semelhança do Criador, pensa que é melhor que a formiga a qual esmaga sem piedade com seus pés maldosos. Esse ser que é um animal como qualquer outro e não é especial no sentido de ter privilégios. A marcha da natureza, - isso os cientistas já provaram – faz com que de tempos em tempos sejam eliminados da face da Terra, seres incompetentes ou que não se adequaram com perfeição a novos ambientes ou novos climas. Comprovadamente a natureza já se livrou sete vezes dos menos adaptados. Se o Homo sapiens for realmente sapiens e tiver um cagagésimo de humildade lhe será fácil verificar que está em rota de colisão direta com sua própria extinção. Se a arrogância do homem não lhe tolher a capacidade de julgamento e não turvar sua visão, ele será capaz de enxergar um futuro próximo do Planeta, onde ainda existirão milhares de espécies animais em pleno gozo de suas existências profícuas, sem qualquer ser humano até onde a vista puder alcançar. Poderá ver algo como o paraíso na Terra, onde animais e vegetais interagem e uns servem de alimento aos outros em troca de insumos que os comensais dejetam para os comidos.
Se a natureza fosse uma grande e complexa orquestra, poderíamos atribuir a cada membro, vegetal, mineral ou animal, uma função dentro dessa orquestra, menos para o homem. O homem seria a nota dissonante dentro da harmonia dessa imensa organização. Agora podemos perguntar: Porque esse animal racional e falante não se enquadra? Por que é o único ser que “rema contra a maré” por assim dizer? Parece que esse animal bípede não se acostumou devidamente com seu cérebro grande e criativo de concepção ainda recente. É razoável supor que depois que o cérebro humano se desenvolveu e deu ao seu portador esse imenso poder, essa capacidade tão grande quanto desconhecida de criar e deduzir coisas, o homem ainda não tenha “se acostumado” a usá-lo devidamente, não saiba controlá-lo para obter dele eficiência e trabalho produtivo de longo prazo. Algo assim como colocar um carro de fórmula um na mão de um neófito que mal sabe dirigir. É de se esperar que nada de bom saia dessa combinação: amador & máquina potente. Daí, podemos inferir que se não nos destruirmos nos próximos milênios e consigamos sobreviver apesar de nossa bisonha manipulação do cérebro “fórmula um” que temos, teremos, enfim, lucidez para perceber nossos erros e nos redimirmos. Só então, como o astronauta David do filme “2001 Uma odisséia no espaço”, renasceremos (como espécie e não como indivíduos) em nós mesmos e viveremos em paz e harmonia com a natureza. JAIR, Natal, 29/03/12.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Javalis


Homo sapiens, durante a maior parte de sua história de caçador-coletor, cujo comportamento o levou a colonizar quase todos os continentes do Planeta, não se deu conta que a variada flora e fauna das diversas regiões faziam parte da natureza marcada pela distinção necessária à adaptação aos ambientes diferentes uns dos outros. O homem percebia que havia diferentes faunas e floras, mas não se preocupava e perguntar-se porque assim era. Em vista dessa atitude não foram poucas as “transferências” de espécies de uma região a outra, medidas que atendiam interesses das tribos e aldeias. Por exemplo, os primeiros a domesticar cavalos foram povos asiáticos, mas europeus adotaram os equinos e os levaram para as estepes do norte de forma que esses acabaram se “aclimatando” por lá e tornaram-se “nativos”. Existem muitos exemplos de plantas e animais transplantados para ambientes estranhos que, em alguns casos, ajudaram na conquista de regiões e construção da civilização, mas nem sempre as transferências foram benéficas.
A partir do século quinze quando as grandes navegações permitiram que exploradores, principalmente europeus, “descobrissem” novas terras e continentes, foi que o quadro de transferência de espécies se tornou mais intenso e, de certa forma, mais nocivo. A Austrália é um exemplo clássico dessa interferência perniciosa dos homens. Durante milhões de anos a “ilha” australiana ficou bastante isolada do resto dos continentes de forma a permitir a evolução de seus próprios animais e plantas. Naquele país, grande parte da flora é única, eucaliptos, por exemplo, são uma espécie de cartão postal da terra, eles estão divididos em centenas de espécies e não são encontrados em outra parte do mundo em estado natural. Todos os mamíferos australianos são marsupiais, bichos que carregam os filhos numa bolsa chamada marsúpio, qualquer mamífero que por lá viva e não tenha marsúpio é excêntrico, veio de outra parte do Planeta. Pois então, durante milhões de anos a flora e fauna únicas se desenvolveram sem interferência humana e a coisa ia muito bem, até que o tal de Homo sapiens (me questiono, por que sapiens?) por lá aportou há duzentos anos e começou introduzir bichos e plantas estranhos. Hoje, sapos-cururus, raposas, porcos, gatos, ratos, camelos, coelhos e algumas plantas alienígenas estão causando o maior estrago ecológico que se tem notícia. Os gados vacum, ovino e equino, não causam maiores problemas porque não saíram do controle humano, não se tornaram selvagens. Os dingos foram introduzidos pelos povos da melanésia há trinta mil anos e também são danosos à fauna nativa até hoje.
No mundo todo há inúmeros exemplos da introdução, principalmente de fauna estranha, que causou desequilíbrio da natureza tal como havia evoluído até então. No Brasil não foi diferente. O javali foi introduzido em criações na Argentina e Uruguai, de onde ingressou no Rio Grande do Sul e progressivamente avança rumo ao norte. A espécie não encontra predadores naturais, uma vez que é exótica, além de cruzar com o porco doméstico, dando origem ao chamado javaporco - neologismo criado para definir esse híbrido, tão ou mais nocivo que o javali. Sua caça e abate são permitidos e até incentivados por órgãos de controle ambiental, como o IBAMA, que em contrapartida procura incentivar a criação da espécie nativa, chamada de queixada, contudo, essa espécie ainda não se encontra em fase de criação comercial. A criação controlada do javali, e de seus híbridos, entretanto, ocorre em diversas fazendas, sobretudo destinada à exportação da carne, que possui alta cotação mercadológica. A carne do javali tem baixo teor de gordura, além de cada animal produzir mais que o porco comum. Segundo um dos últimos estudos a respeito efetuado em 2008, a população de javalis no Brasil estaria em torno de 50.000, distribuídos em menos de 400 criatórios. Em estado selvagem a coisa parece ser muito pior. Estimativas feitas a partir de relatos de caçadores dão conta que em todo o Sul do Brasil, parte do centro-oeste, São Paulo e sul de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia existem grandes concentrações em vários grupos de Javalis de 30 a 40 indivíduos.
O ônus da disseminação descontrolada desse animal vem por conta de seus hábitos alimentares que incluem legumes, tubérculos, cereais, gramíneas e verduras, lembrando que cana de açúcar é uma gramínea e altamente apreciada pelo suíno. As propriedades que cultivam batatas, trigo, feijão, milho e mandioca se veem ameaçadas quando esses animais resolvem atacar a plantações. Como esses bichos terríveis são nômades e de hábitos alimentares noturnos, é difícil prever onde eles estarão em certa época e onde atacarão os cultivares. Mesmo com caça liberada em certas regiões, tem que se levar em conta que os animais são extremamente agressivos, grandes, fortes, rápidos e tem presas poderosas, não se furtando de atacar cães de caça e os próprios caçadores, principalmente quando as fêmeas estão com filhotes. Nem as onças pintadas de nossa fauna são tão perigosas como esses porcos selvagens.
Lembro que na minha cidade natal havia vastas áreas rurais invadidas por esses animais ferozes que faziam festas nas plantações. A medida paliativa para tal nocividade era liberar a caça controlada. Os caçadores faziam-se acompanhar por guardas florestais como ficais e, na companhia de cães adentravam as matas onde quase sempre matavam enormes machos que chegavam a pesar até quinhentos quilos de pura carne. Não que a caça tenha resolvido o problema, mesmo porque, depois de algum tempo os bichos mal humorados eram encontrados em regiões distantes onde antes não os havia. Os javalis continuam a infestar a região sul do país, continuam causando prejuízos aos agricultores e, pelo jeito, enquanto houver áreas onde eles possam procriar, continuarão se reproduzindo e ameaçando conquistar terreno cada vez mais ao norte, até onde, não se pode cogitar. Graças à incúria e falta de sintonia do Homo sapiens com a natureza, grande parte das áreas ocupadas por ele estão “contaminadas” com bichos alienígenas causando transtornos a ecologia. O homem é um rei Midas ao contrário, tudo que toca vira eca. JAIR, Floripa, 05/02/11.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Agricultura inteligente



O bicho homem depois de vagar pelo Planeta dezenas de milhares anos como caçador-coletor; depois de fundar centenas de núcleos populacionais em todos os continentes habitáveis; depois de dominar o fogo, instalou-se, finalmente, como pastor-lavrador nas cercanias de onde hoje é o Oriente Médio. A cerca de onze mil anos, agora fixado à terra, não mais necessitando deslocar-se para onde o clima ou as facilidades de colheitas e caça o levassem, iniciou o período de domesticação de animais e plantas.
Homo sapiens tornou-se exímio agricultor e essa atividade fundou a civilização. Sem a domesticação de plantas que atendessem suas necessidades calóricas, sem agricultura que o fixasse à terra, o homem ainda estaria vagando como um primata errante na vastidão do Planeta, ou já se teria extinguido. A civilização tudo deve à agricultura.
Inquestionavelmente o homem é o campeão agrícola de todas as espécies, contudo, quero falar de uma espécie que levou a agricultura inteligente ao patamar mais elevado. Em um episódio extraordinário da evolução as formigas se tornaram agricultoras a 50 milhões de anos. Até hoje elas continuam a prática com grande sucesso e conseguiram evitar muitos problemas que nós sofremos com as pragas.
Formigas que cultivam fungos podem ser encontradas em muitas florestas tropicais em várias partes do mundo. Em algumas espécies uma casta de formigas grandes, chamadas cortadeiras, sai do formigueiro todos os dias a procura de plantas que atendam suas exigências. Geralmente cortam folhas e as levam ao formigueiro, às vezes carregam até vinte vezes o seu próprio peso, são super formigas. No interior da terra elas passam essas folhas para formigas menores encarregadas de cortar em pedaços menores, bem pequenos mesmo. Depois, outra casta de formigas menores ainda, é encarregada de mastigar os pedacinhos de forma a torná-los uma pasta que, espalhada na plantação de fungos, age como fertilizante. O fungo decompõe a pasta e cresce, e as formigas se alimentam de seus nutrientes.
O fungo que cresce no jardim das cortadeiras de folhas tornou-se totalmente dependente de suas criadoras, tal como acontece com o milho em relação ao homem que não germina a não ser plantado por mãos humanas. Os fungos que vivem livres na natureza se reproduzem emitindo esporos que são carregados pelo vento. Os fungos cultivados pelas formigas perderam a capacidade de se reproduzir. Eles permanecem no formigueiro e só se propagam quando uma jovem rainha carrega porções em suas mandíbulas e vai fundar outra colônia.
Essas lavradoras desfrutam de um enorme benefício ao cuidar de seus fungos. O metabolismo das formigas não tem capacidade de digerir as folhas, a celulose é um impedimento, de modo que o grande potencial alimentar que uma floresta representa perde-se para a maioria delas. As cortadeiras deixam que os fungos carreguem o piano, ou seja, eles digerem a parte mais difícil das plantas e as formigas aproveitam os nutrientes que os fungos produzem. E graças a essa parceria as formigas tornaram-se os insetos mais poderosos dos ecossistemas das florestas tropicais, elas destroem até um quinto das plantas de certas florestas.
Os cientistas estudam essa parceria tentando entender como isso começou e como evoluiu. Como todas as 200 espécies de formigas agricultoras são parentes próximas, os cientistas presumem que a origem dessa prática se deva a um única linhagem a qual “inventou” a agricultura.
Desde 1990, Ulrich Mueller e Ted Schultz têm estudado as formigas cortadeiras de todo o mundo com intuito de estabelecer como formigas e fungos evoluíram juntos. Graças ao trabalho de Mueller, agora se sabe que o trabalho das formigas se parece muito com o dos humanos. Nossos ancestrais no México, China, África e Oriente Médio domesticaram um punhado de plantas e animais, uma minúscula fração das espécies selvagens da Terra, exatamente como as formigas fizeram com os milhares de espécies de fungos existentes das quais domesticaram apenas algumas centenas. À medida que as tribos e aglomerados humanos entravam em contato passavam seus conhecimentos e parte de suas colheitas uns aos outros, como esporos de fungos se disseminando. A diferença ente nós e as formigas é que elas descobriram a agricultura “apenas” 50 milhões de anos antes.
Em comum conosco, elas têm que lutar contra o controle de pragas exatamente como um fazendeiro humano faz. No caso do jardim (acho que pomar talvez seja mais adequado) delas, às vezes entram esporos de fungos parasitas que tendem a matar seus fungos domésticos. Muller descobriu que, tal como os humanos, elas usam um fungicida que só ataca o invasor. Algumas delas possuem sobre a própria pele uma bactéria Streptomyces, que ataca apenas o fungo estranho preservando o cultivado, e que pode desenvolver novas formas de fungicida em resposta a qualquer resistência que o fungo parasita crie. Diferente de nós que, para controlarmos pragas, inventamos inseticidas como o DDT o qual acaba criando organismos resistentes a ele, as formigas coletaram bactérias que evoluem juntas com fungo, na medida que estes criam resistência a bactéria também cria novas toxinas que atacam o fungo evoluído. Em evolução isso se chama “corrida armamentista”, propriedade que têm os seres de evoluírem para se defenderem do predador, e que este tem de desenvolver novas armas de ataque.
De qualquer forma, o que as formigas têm a nos ensinar é que, ao usar um organismo vivo como arma para se defender de seres prejudiciais,elas estão usando uma fórmula ecologicamente correta, formulaque, por isso, tem duas vantagens absolutamente geniais: 1) não agride a natureza, e; 2) não cria resistência no invasor, de forma que sempre surte efeito, contrário a nossos defensivos que acabam sendo aplicados em doses cada vez mais altas e cada vez menos eficientes. A agricultura delas é o que podemos chamar de agricultura inteligente. JAIR, Floripa, 01/09/10

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Aquecimento Global - Último Round

Aquecimento global é mentira?
 Veja também em Altair Blog!
Se quiser, pode desativar as legendas.
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