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sábado, 30 de outubro de 2010

Gralha Azul


Ilustração da internet


Texto publicado no blog: www.jairclopes.blogspot.com em agosto de 2010.

Homenagem à disseminadora de florestas

A gralha azul (Cyanocorax caeruleus) é uma ave da família dos corvídeos extremamente inteligente, chega a ser mais articulada que os psitacídeos, ou seja, ela, se treinada, fala melhor que papagaio, característica que corvos do hemisfério norte também partilham. Na natureza é particularmente barulhenta, um pequeno bando de gralhas equivale a um monte de crianças fazendo algazarra, tanto é que costuma-se chamar de gralha pessoa que muito fala. Tem ampla distribuição geográfica, que ocorre principalmente nas regiões de clima temperado. De médio porte, medindo até 40 cm de comprimento da ponta do bico à ponta da cauda, possui um aspecto robusto e um bico forte. O corpo tem coloração azul metálica, a cabeça, a garganta e o peito são negros, com as penas da fronte arrepiadas. Seu olho é escuro, diferente da gralha comum que tem olhos amarelos. A coloração da plumagem é semelhante tanto na fêmea como no macho. Embora se considere que seu habitat é a floresta de araucárias do sul do Brasil, por força da variada dieta que inclui insetos, frutos, pequenos invertebrados e até lagartixas, esta ave não tem dependência restrita dessas florestas e sua área de distribuição estende-se desde o sul do Estado do Rio de Janeiro para o sul, até o Estado do Rio Grande do Sul, sendo frequente na mata atlântica da serra do mar. Tanto é assim, que as tenho visto aqui no norte da ilha de Santa Catarina em pequenos bandos, vez ou outra.

No livro de leituras da escola primária de minha infância (Grupo Escolar Jesuíno Marcondes) havia um texto que tratava da Gralha Azul. Dizia o conto que a Gralha Azul, ouvindo as machadadas que derrubavam as araucárias das matas em que vivia, tomou-se de dores pelos pinheiros e resolveu plantar seus pinhões para que nunca as árvores fossem extintas. E assim se deu.

Pois é, a verdade é que as Gralhas Azuis, as quais eram abundantes nos pinheirais de minha cidade natal, realmente plantam pinheiros. Os Pinhões, sementes sazonais do pinheiro, são o alimento predileto das gralhas durante os meses de outono. Acontece que a gralha é um pássaro previdente, intuindo que no resto do ano não haverá mais essa saborosa e energética semente, ela enterra os pinhões excedentes, de forma a tê-los disponíveis quando não forem mais encontrados depois da safra. Desses enterramentos alguns são “esquecidos” pelas gralhas e, depois de algum tempo, brotam formando nova muda de araucária. A Gralha Azul é uma disseminadora de pinheiros, sem ela as árvores teriam dificuldade em se propagar, visto que as sementes, pesadas como são, caem apenas à sombra da própria árvore, correndo risco de nunca conseguirem brotar por falta de espaço.

Tenho um amigo de infância, Antonio Passoni, que possui um pequeno sítio no Paraná, e lá pude observar em tempo real as gralhas “plantando” pinheiros. Estávamos no período da safra de pinhões, elas colhiam alguns que caíam e, ao invés de comê-los de imediato, procuravam local onde a terra estivesse macia e os enterravam, vi com meus próprios olhos depois que meu amigo me chamou a atenção para o movimento que elas estavam fazendo. No local, depois que elas se foram, cavamos com as mãos a terra recém revolvida e descobrimos pinhões com a ponta para cima, também ali já brotavam pequenas mudas, resultado de semeaduras anteriores. Foi uma revelação fantástica que ficou gravada nos meus neurônios para sempre, acabara de presenciar o ato crucial que une árvore e ave numa cumplicidade que a natureza alinhavou através de milhões de anos.

A relação araucária – gralha é o que a ciência chama de consórcio, ou seja, dois ou mais seres que se ajudam mutuamente e tiram proveito disso. Assim, a Gralha Azul depende da araucária para se alimentar e a araucária depende da Gralha Azul para proliferar. Não é de admirar que com o quase desaparecimento da planta o pássaro também tenha entrado na lista das espécies ameaçadas. Hoje quase não se vê a Gralha Azul nas matas ombrófilas (florestas de climas chuvosos) de minha terra, o que é de se lamentar.

Pinheiros são lindas espécies de coníferas, família das árvores mais antigas do Planeta, que correm risco de extinguir-se por incúria humana: desmatamento para uso da madeira; desmatamento para dar lugar a plantações de pinus elliotiti, conífera oriunda da Ásia usada principalmente na fabricação de papel; desmatamento para plantação de soja exportada para confecção de ração animal na Europa e EUA; desmatamento para composição de pastagens para o gado. Gralhas Azuis são aves que habitam o Planeta há 50 milhões de anos, que se adaptaram às florestas ombrófilas, estabelecendo consórcio com as araucárias, e, desse modo, perpetuando as produtoras de seu alimento predileto. Homo sapiens é um primata que evoluiu há uns duzentos mil anos e que ocupa o mesmo habitat das araucárias e gralhas há uns doze mil anos, talvez. A associação gralha – araucária estava em perfeito equilíbrio até que surgisse no horizonte a figura do Homo sapiens, depois disso o mundo veio a baixo, ou seja, gralhas e araucárias correm o risco de desaparecerem para sempre. Há alguma coisa essencialmente errada nessa equação.

Trecho de um conto sobre a Gralha Azul que encontrei no saite: http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/3contos/gralha.html

Pesadelo: “Revi-me de arma em punho, pronto para fazer fogo. Quando o fiz, iluminou-se o alvo e, aberta as asas brilhantes, o peito a sangrar, veio ele de manso, se achegando a mim. Os pés franzinos evitavam os sapés esparsos pelo chão e o andar esbelto tinha qualquer coisa de divino. Dardejante o seu olhar, estremeci ante aquela figura de ave e deixei cair a arma. Estático já, estarreci ao ouvir os sonoros e compreensíveis sons que aquele delicado bico soltava naturalmente. Dizia a gralha: “És um assassino! Tuas leis não te proíbem matar um homem? E quem faz mais do que um homem não vale pelo menos tanto quanto ele? Eu, como humilde avezinha, entoando a minha tagarelice selvagem como o marinheiro entoa o seu canto de animação na véspera de praticar seus feitos, faço elevar-se toda essa floresta de pinheiros; bordo a beira das matas com o verdor dessas viçosas árvores de ereção perfeita; multiplico, à medida de minhas forças, o madeiro providencial que te serve de teto, que te dá o verde das invernadas, que te engorda o porco, que te locomove dando o nó de pinho para substituir o carvão-de-pedra nas vias férreas. E ignoras como eu opero!... Vem. Acompanha-me ao local onde me interrompeste o trabalho, para aprenderes o meu doce mister. Vês? Ali está a cova que eu fazia e, além, o pinhão já sem cabeça, que eu devia nela depositar com a extremidade mais fina para cima. Tiro-lhe a cabeça porque ela apodrece ao contato da terra e arrasta à podridão o fruto todo, e planto-o de bico para cima a fim de favorecer o broto. Vai. Não sejas mais assassino. Esforça-te, antes, por compartilhar comigo nesta suave labuta.” A gralha desapareceu e eu voltei à razão. Levantei-me a custo e fui ter ao local escavado pelas aves, uma das quais jazia com o peito manchado de sangue, ao lado de um pinhão já sem cabeça. Admirado, verifiquei a certeza da visão: mais adiante cavouquei com as mãos a terra revolvida de fresco e descobri um pinhão com a ponta para cima e sem cabeça. O José Fernandes fez uma pausa e depois concluiu, mal encobrindo a sua alegria: - Aí está, caro Fidêncio, como vim a ser um plantador de pinheiros. Quero valer mais que um homem: quero valer uma gralha azul!”

JAIR, Floripa, 01/08/10.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pequenos e Charmosos Alados

Anum? Estava em nossa gravioleira. Acho que eram dois, mas só consegui clicar esse bonitão aí.
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Essas fotos são antigas, já publicadas no Multivias. Ele está em um pé de figo.



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Bicudo assim só pode ser um beija-flor, não?

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Casal de tesourinhas?
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Ele fica todo o tempo cantando: Tsi, tsi, tsi...
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Casal de bem-te-vis. Esse topetudo, com certeza deve ser o macho.


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Quem conseguir identificá-los ganhará...  na loto!
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Esse é um...??? (Preciso aprender muito mais)

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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Energia


Ilustração da internet.
Texto publicado no blog: www.jairclopes.blogspot.com em agosto de 2010.

Qual é a marca da civilização? O que define que os povos, as nações, os países, tornaram-se civilizados? Essas questões singelas, de respostas também bastante simples, encerram o que hoje é o maior desafio da humanidade: continuar “civilizada”. Enquanto vagava como caçador-coletor, o homem não era um grande consumidor das energias naturais a seu dispor, abrigava-se em cavernas, choupanas improvisadas, comia carne crua ou assada quando houvesse meios para isso e, na maior parte das vezes, alimentava-se de frutos maduros onde os encontrasse e vestia-se de peles de animais ou vivia nu. Em matéria de consumo de energia o ser humano era minimalista, quase nada exigia do ambiente que o cercava e não desfrutava de uma organização sofisticada que lhe impusesse encontrar meios de obter energia para sua vida simples. Desde que o Homo sapiens agregou-se em comunidades semi fixas onde passou a praticar agricultura e domesticação de animais para sua sobrevivência e conforto, começou o que podemos chamar do ciclo da energia. Essa é a marca da civilização.

Já nos aglomerados familiares, tribais e de clãs iniciais, o homem se viu frente à necessidade de obter energia para seu modus vivendi que, agora, postulava novos níveis de consumo, tratava-se de comunidades com algum nível de sofisticação. O fogo de lenha, inicialmente, atendia os reclamos de cozimento da caça e pesca e a necessidade aquecimento de seus abrigos. Contudo, até pela quantidade de pessoas que conviviam, apareciam novas demandas e, em consequência, artesanato, confecção de utensílios cerâmicos e, mais tarde, fabrico de armas metálicas exigiam novas fontes de calor. O carvão, pela facilidade do uso in natura e pela abundância, foi a escolha compulsória. O carvão foi e ainda é, a fonte de energia não renovável mais utilizada ao longo da história da civilização.

Com o crescimento da população mundial, com a complexidade das novas conquistas tecnológicas, com a demanda cada vez maior por fontes energéticas, o petróleo entrou na dança. No início, o petróleo, depois do refino para se obter um tipo de querosene, era usado para iluminação pública e doméstica, e aquecimento dos lares em aparelhos rudimentares. Com o aparecimento do automóvel, não é necessário dizer, o petróleo tornou-se uma espécie de deus da vida civilizada. Não é estultice afirmar que quase toda estrutura de nossa sociedade dita civilizada está calcada no consumo do petróleo. Ainda que as fontes hidráulicas, as quais nos fornecem energia elétrica e até outras fontes menos expressivas como as usinas atômicas, sejam, também, importantes para o suporte da demanda do Homo sapiens, o petróleo é a prima donna do elenco energético do Planeta.

Pois é, depois de muito tempo de consumo desenfreado, depois que o petróleo se tornou, muito além de sua utilização normal como fonte de energia, um fator político que desencadeia guerras, que constrói e destrói economias, o homem, finalmente se dá conta que ele é não renovável, que ele um dia vai acabar, que usar como se usa o petróleo é uma viagem sem volta. E agora José? Vamos continuar consumindo cegamente esse produto para manter nossos níveis de civilização e deixar a conta para nossos descendentes? Ou vamos repensar o que chamamos de civilização, e retornar a um nível racional de consumo energético de modo a que o próprio Planeta se encarregue de repor o que consumimos? Veja bem, não se trata apenas de descobrir e usar outras fontes, as chamadas fontes de energia alternativa como solar, biomassa, eólica, geotérmica etc. Não é apenas isso. Trata-se de repensar a civilização, trata-se de olhar ao redor e perguntar: Será que para ser feliz eu preciso de tudo isso? Será que apenas um carro por família não é suficiente? Por que devo ter sempre mais? A felicidade é, realmente, ter ao invés de ser? Vale a pena queimar todas as fontes de energia do Planeta para, supostamente, atingir um nível de “civilização” discutível e que não pode ser mantido ad infinitum? Viemos aqui (ao Planeta) apenas para destruí-lo? Somos agentes finais de um ciclo de extinções que, de tempos em tempos, passa nosso Planeta?

Então, a energia que consumimos para manter a civilização é aquela que o Planeta “fabrica” pela transformação do calor que recebe do sol em energia biológica, a qual, depois de outras mudanças químicas surge como lenha, petróleo, carvão etc. A energia geotérmica, embora não relacionada diretamente com a luz solar atual, é um resquício da formação do Planeta e, de certa forma, pela quantidade existente, é virtualmente inesgotável. Mesmo que o homem descubra meios seguros e eficazes de transformá-la em energia aproveitável, deverá durar enquanto o Planeta existir. Portanto, não está em questão esta fonte, ela existe e, certamente, será aproveitada num futuro próximo. A questão é outra, mantidos os níveis atuais de aumento de consumo, não haverá tempo para desenvolver nem encontrar fontes energéticas suficientes antes do colapso da civilização. Estamos numa corrida amoque rumo à extinção exclusivamente por nossa incúria. Não temos consciência que a energia que consumimos e que é a marca de nossa civilização será a marca de nossa extinção também. A única maneira de escaparmos dessa armadilha que armamos será baixar nosso consumo para níveis que tornem viável a reposição do que consumimos. Essa é uma decisão dificílima que traz a extinção da civilização como contrapartida, não há alternativa. Se o homem é o ser inteligente que suspeitamos que seja, está na hora de encarar o desafio. Gaia agradece. JAIR, Floripa, 22/08/10.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Esponjinha








Esponjinha, esponja, manduruvá, quebra-foice (Calliandra brevipes). Família das leguminosas. Arbusto de até 2 metros. Fizemos essas fotos em Goiânia, no Parque Areião*, em abril último. Podemos vê-las em volta do Parque inteiro.

Em outubro de 2008, mostramos fotos de uma outra esponjinha, a Calliandra tweedii. Veja em Via Verde 10: Esponjinha no blog Multivias. Dependendo da região, há variações no tamanho das plantas.
As esponjinhas são muito comuns no Cerrado brasileiro. 

Uma ótima e colorida semana.

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Post feito para o blog Multivias e publicado em 24 de maio deste ano.

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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Quinze de Outubro - Dia do Professor

Violeta - Para você, mestre amigo

Parabéns pelo seu dia, professor!


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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei 12.305

Desenho de Priscilla Ramos

Aprovada a Lei nº 12.305 em 02/08/2010, após tramitar por cerca de duas décadas, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece como princípio que a sociedade é responsável pelo lixo que produz. Também faz a diferença entre o que é resíduo (aquilo que pode ser reciclado ou reaproveitado) e rejeito (o que não se reaproveita).

Entre os méritos da nova lei, um dos maiores é a justa valorização do trabalho dos catadores de lixo. E com razão, o representante do Movimento Nacional dos Catadores de Lixo, Severino Lima Junior, disse que esses trabalhadores não querem ser conhecidos como catadores de lixo, mas de materiais recicláveis.

A PNRS é considerada um avanço no Brasil, país no qual as cidades produzem 150 mil toneladas de lixo por dia, das quais 59% são destinadas aos lixões. Em artigo publicado em 28/07, no jornal O Estado de S.Paulo, a pesquisadora, diretora e coordenadora da área de Meio Ambiente Urbano do Instituto Pólis, Elisabeth Grimberg, analisou os pontos positivos e negativos da nova lei.

"Entre os positivos eu destacaria, em primeiro lugar, o fato de que o texto aprovado é enxuto e enfatiza a redução, o reúso e o reaproveitamento. Em segundo lugar, o texto tem dez referências à participação das cooperativas de catadores no processo de gestão de resíduos. Há, inclusive, a previsão de financiamento para municípios que façam coleta seletiva com catadores, medida indutora do desenvolvimento das cooperativas", destacou Grimberg.

Segundo a pesquisadora, outro ponto positivo da PNRS diz respeito a proibição da importação de resíduos perigosos e rejeitos cujas características causem dano ao ambiente e à saúde. "Absurdo que a lei corrigiu", observou.

Elisabeth Grimberg também elogiou as metas e prazos inclusos na elaboração da PNRS, bem como o tratamento consorciado de resíduos, que permite a pequenos municípios planejarem conjuntamente a destinação. "O fato de a lei garantir remuneração ao Estado, caso ele tenha de se ocupar das atribuições relativas à logística reversa dos geradores, também é positivo", acrescentou.

Problemas
Os pontos negativos, na opinião da pesquisadora, são referentes aos artigos 9º e 33 da regulamentação. O primeiro "abriu possibilidades para a 'recuperação energética' dos resíduos, ou seja, a incineração".

Grimberg questiona a medida ao considerar o caráter tóxico da queima de lixo. Segundo ela, as cinzas devem ser destinadas a um aterro especial. "Mais um aspecto negativo: a análise do ciclo de vida do produto não foi incluída como um processo anterior à coleta. Seria a deixa para os fabricantes repensarem seus produtos, como o excesso de embalagens", pontua.

Sobre o artigo 33, que trata da logística reversa, Elisabeth Grimberg criticou o fato de o texto deixar a cargo dos geradores de resíduos (setor empresarial) a liberdade de escolha referente a execução do processo para produtos em que não há obrigatoriedade prevista na lei. "Se o gerador disser que não pode recolher um produto, por inviabilidade técnica ou econômica, a sociedade terá de aceitar", conclui.

Minha Nota
Apesar de a lei estar sancionada pouco se ouviu na última eleição, propostas de candidatos a deputados federais e estaduais sobre este assunto, tampouco os prefeitos que apoiaram alguns candidatos cobraram qualquer postura, o que seria uma ótima moeda de troca para o apoio eleitoral.

Cada cidadão deve a partir de agora, participar mais e mais das questões orçamentárias municipais, impondo e exigindo dos gestores públicos medidas eficientes voltadas a destinação do lixo. È muito importante que as prefeituras municipais e câmaras de vereadores, em conjunto com a sociedade, busquem soluções expressivas para o enquadramento a lei.

Entendo que antes de se propor qualquer ação estrutural, é primordial que o cidadão seja reeducado; de fato todos se incomodam com o acúmulo do lixo, porém a grande maioria da sociedade se despreocupa a partir do momento em que o veículo da coleta faz o recolhimento. Tirou-se o lixo de dentro ou da porta de casa, não importa mais onde ele será despejado. Isto não é participação.

Pessoalmente, estou disposto a provocar os poderes públicos em meu município, a fim de que passemos por um processo de educação e conscientização da sociedade, de nada adianta incentivar a população a separar os recicláveis ou fomentar a criação de cooperativas enquanto as pessoas não entendem ou não aceitam que são co-autoras da geração e acumulação do lixo em nossas cidades.

Aviso: Este texto contém edições.

Fontes:
Terra Notícias
Site do Deputado Edson Duarte

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Tirando "o lixo da rua"

Pneu inservível - apresenta danos irreparáveis em sua estrutura que não serve mais para rodar ou reformar.
Este artigo é para conhecermos melhor a forma que nosso país usa para gerenciar este resíduo sólido, que contém borracha e aço, que leva centenas de anos para se decompor no solo e um complemento da pesquisa publicada em 06 de setembro, neste blog,  O que fazer com os pneus usados?

Em 30 de setembro de 2009, o CONAMA criou a resolução nº. 416, para controlar e gerenciar com maior rigor os milhões de pneus inservíveis, e põe milhões nisso, que há no mercado. Em 02 de agosto de 2010 foi sancionada pelo Presidente Lula, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e pelas novas regras na Política Ambiental, os importadores, fabricantes e revendedores, tem responsabilidade compartilhada de dar descarte final adequadamente correto para eles.
As empresas que comercializam pneus devem ter um ponto de armazenamento adequado e solicitar do eco-ponto (local de armazenamento provisório) a retirada dos pneus inservíveis. Deverá emitir uma NF dos pneus inservíveis, com custo, R$ 0.01, e entregar para o coletor, que deixará um relatório com a quantidade e peso que foi retirado. Após este processo, a Reciclanip (uma entidade sem fins lucrativos criada pelos fabricantes de pneus novos) que possui 469 pontos de coletas distribuídos em todo o território brasileiro, enviará um relatório à empresa que os enviou, comprovando o destino final dos mesmos, junto com a licença ambiental.
Atualmente, há vários eco-pontos licenciados, que estão preparados com um espaço adequado para armazená-los. Assim que eles chegam à central de armazenamento, é feito uma seleção do que pode ser reaproveitado, e após esta avaliação o resto é triturado e enviado para cimenteiras, onde é incinerado. Em minhas pesquisas, visitei uma fábrica de cimento e constatei que estas raspas de borrachas são misturadas a outros resíduos sólidos contaminados, e suas cinzas transformam se em componentes de fabricação do cimento. A utilização de pneus inservíveis como combustível em processos industriais só poderá ser efetuada caso exista norma especifica para sua utilização.
As revendas que comercializam pneus novos têm a obrigação de orientar o consumidor final de como usá-lo corretamente para melhor aproveitamento do produto. Existem várias informações importantes, tais como: Todo pneu tem uma identidade (matrícula e dote) onde identificamos o local e data de sua fabricação; Após cinco anos de sua fabricação apresentam sinais de envelhecimento e deteriorações; Os proprietários dos veículos devem verificar a pressão adequada e fazer revisão da suspensão, para evitar maiores desgastes com falta de alinhamento e balanceamento e assim, ter maior durabilidade do produto.
No caso de pneus de Carga, Agrícolas e Fora de Estrada, existem algumas técnicas para maior reaproveitamento da carcaça, sendo elas: ressulcagem, recapagem e recauchutagem. Os revendedores devem incentivar a reutilização, reforma e reciclagem dos mesmos. Nos critérios de controle da resolução 416 do CONAMA, reforma de pneu não é considerada fabricação ou destinação adequada. Serão penalizadas com multas as empresas que não seguirem estas normas, pois os impactos ambientais que estão sendo gerados no planeta devido ao descarte inadequado deles são imensos.
Hoje o Brasil possui cinco grandes fabricas: Michelin, Bridgestone Firestone, Goodyear, Pirelli e Continetal. Quando seus produtos não estão mais em condição de uso e dispostos inadequadamente, podem resultar em sério risco ao meio ambiente e à saúde pública. É necessário criar programas educativos a serem desenvolvidos junto aos consumidores informando os pontos para armazenar provisoriamente os pneus inservíveis e da importância de não os jogar nos aterros sanitários, rios ou a céu aberto. É preciso criar campanhas de incentivo ao reaproveitamento desses pneus espalhados pelo nosso planeta, conscientizando os consumidores e revendedores sobre os centros de coleta. Já realizam algumas ações com programas de conscientização através da Reciclanip, mas pouco divulgado.
Segundo a resolução do CONMA, “os fabricantes e os importadores de pneus novos, com peso unitário superior a 2,0 kg (dois quilos), ficam obrigados a coletar e dar destinação adequada aos pneus inservíveis existentes em todo o território nacional. Os distribuidores, os revendedores, os destinadores, os consumidores finais de pneus e o Poder Público deverão, em articulação com os fabricantes e importadores, implementar os procedimentos para a coleta dos pneus inservíveis existentes no País.” A contratação de empresa para coleta de pneus pelo fabricante ou importador não os eximirá da responsabilidade pelo cumprimento das obrigações.
O art. 70 do Decreto no 6.514, de 22 de julho 2008, impõe pena de multa por unidade de pneu usado ou reformado importado, mas, se formos fazer um levantamento dos pneus inservíveis que existem jogados dentro dos rios e lixões a céu aberto, ficaremos indignados com tamanho descaso no descumprimento de nossas leis. Esperamos que os distribuidores que importaram esses “lixos” criem campanhas para conscientizar e disciplinar os consumidores a dar um destino de forma ambientalmente adequada e segura a eles.
Algumas pesquisas mostram que já se fabrica o “asfalto ecológico” misturando à massa asfáltica um composto feito de borracha de pneus, mas muito ainda precisa ser estudado, pois as rodovias que estão sendo “experimentadas” com este composto apresentam rachaduras e levantamento de partes da pista, devido conter algumas moléculas de ar, que ainda não conseguiram eliminar no processo.
O aço que é separado da borracha usa-se em siderúrgicas em processo de fabricação de novos produtos.  As raspas restantes são reaproveitadas em diversas atividades com destinação ambientalmente adequada, fiscalizados pelos órgãos ambientais competentes, observando a legislação vigente e normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, e a minimizar os impactos ambientais adversos.
Em nosso país, há muitos pontos de laminação, onde são separados os pneus que servem para fabricar móveis, tapetes, borracha de rodos, solas de sapatos, sandálias, vasos ornamentais, casas ecológicas e muralhas para evitar erosões em áreas de risco. O restante é triturado para reaproveitar em diversas atividades com destinação ambientalmente adequada, fiscalizada pelos órgãos ambientais competentes, evitando danos ou riscos à saúde pública e reduzindo os impactos ambientais causados por eles.
Só depende de nossas atitudes agora, fiscalizar para que esta nova lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga cada emissor de seu lixo dar um destino final ambientalmente correto a ele, seja cumprida, pois assim, a preservação da natureza e a qualidade de vida de nossa população será garantida.


Estas imagens  merecem destaque, pois este jovem, Raildes Marques da Cruz Junior, de apenas 18 anos, é um fabricante de móveis de pneus de moto,"inservível".  O encontrei  vendendo estes móveis na cidade de Teresópolis-Go. A matéria-prima usada para fabricar um conjunto de quatro cadeiras e uma mesa de centro, são  vinte e quatro pneus. O preço do conjunto é R$400,00. A mesa fica linda como suporte para um belo vaso de plantas. Para dar um toque final bem criativo nas cadeiras, pode-se fazer almofadas redondas e prendê-las com laços por  atrás.

Clique na foto para ampliá-la e ver melhor os detalhes destes móveis feitos com pneus usados.

Aplausos para todos os profissionais que cooperam com a preservação do planeta trabalhando na fabricação de novos produtos, tendo como matéria prima os pneus inservíveis. O trabalho deles é um grande exemplo para os que vivem “jogando lixo na rua” .

Abraços eco-planetários para eles e todos que preservam nossa amiga e irmã NATUREZA!
                                                                   Fotos:  Helena Bernardes

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Onde eles estão?


Figura obtida na internet.
Texto publicado no blog: www.jairclopes.blogspot.com em maio de 2010.
Talvez o fato social mais importante da segunda metade do século vinte, o que mais gerou mudanças de mentalidades e orientações ideológicas que vieram depois, foi o movimento cultural hippie. Pode-se situar o ano de 1960, quando em janeiro formou-se uma manifestação pelos direitos civis em Atlanta, USA, como o início de tudo, como o ponto de inflexão em que a juventude resolveu tomar posição em confronto com o status quo. A juventude daquela década, nascida durante ou pouco depois da guerra, num estalo, tomou consciência que vivia num mundo engessado no qual embaralhavam, davam as cartas e eram donos do baralho duas potências nucleares que, entre outras coisas, podiam destruir a humanidade e até o Planeta.

A geopolítica que comandava os destinos da civilização era a doutrina pelo medo da destruição em massa, era a guerra fria em ação; o sexo fora do casamento ainda era pecado e, às vezes, punível pelas legislações conservadoras vigentes; a família, célula mater da sociedade, era intocável e sagrada, o divórcio era visto como sacrilégio pela igreja; nos países desenvolvidos, carreiras profissionais eram projetadas e seguidas desde a infância pelo filho-objeto dos pais; a “liberdade” consistia em não dizer NÃO ao establishment; ou seja, não se ataca a elite social, econômica e política que controla o conjunto da sociedade; religiões aceitas pelas nações ocidentais eram monoteístas e acomodadas, nem pensar em religiões “exóticas” orientais; música? Só romântica ou regional que não atacasse os valores pétreos de uma sociedade estagnada e silenciosa quanto a questões como racismo, capitalismo selvagem, domínio cultural e colonialismo; roupas, calçados e cabelos eram “certinhos”, não se ousava, não se feria a estética; uso de drogas? Vade retro! Não se discute, não se encara, não se admite, é proibido e pronto!

Esse era o bucólico mundo ocidental na década de sessenta, quando a juventude sentiu-se inquieta e resolveu protestar colocando o dedo na tomada. Roupas estranhas e coloridas, cabelo comprido e rebelde, música berrante de protesto, comportamento civil contrário às ordens vigentes, pavor de guerras e proselitismo de amor livre – make love not war. Palavras de ordem: rasgue seu cartão de alistamento, virgindade dá câncer, queime sutiãs, sinta desprezo pelos bens materiais, viva e deixe viver, não confie em ninguém com mais de trinta anos, tudo que é bom é proibido, imoral ou engorda, use maconha, LSD e haxixe, o psicodelismo está na ordem do dia, é proibido proibir.

Pois bem, o movimento nasceu nos EUA e se alastrou pela Europa, chegando, ainda que com timidez, até a países da cortina de ferro, num crescendo de protestos pacíficos e desobediência que chocalhou a roseira do marasmo das sociedades estabelecidas. O ápice do movimento situa-se em 1968, quando boa parte do mundo ocidental incendiou-se numa cadeia de protestos da França à Índia, passando por quase todos os países da Europa e da Américas. A guerra do Vietnam dava azo para que os jovens se unissem por uma causa comum, corpos cobertos com a bandeira, que chegavam de uma terra distante e desconhecida, eram prova cabal de que alguma coisa muito errada estava acontecendo. As autoridades não podiam ficar inertes para sempre, e mundo nunca mais foi o mesmo, mudou, ainda que não totalmente, a golpes de peace and love.

Por volta da metade da década de setenta, os hippies agora adultos (com mais de trinta anos) viram-se, uns frustrados, outros inconformados, mas todos sem forças para continuar queimando a vela pelas duas pontas, acomodaram-se e não deixaram seguidores. O que existe hoje são artesãos que se dizem Hippies, nada parecido com o que existiu, nada radical como aquela revolução dos costumes. Contudo, as sociedades nunca mais foram as mesmas.

E os hippies para onde foram? Naturalmente, eles também envelhecem. Hoje, sessentões, eles estão por aí, o mais das vezes mesclados à população dita “normal”, aquela que passou os anos sessenta e setenta observando, sem participação ativa nos acontecimentos. Contudo, em certos lugares, os ex-hippies são perfeitamente discerníveis e identificáveis, como em San Diego. Aqui existe um bairro chamado Ocean Beach, OB para os íntimos, que é habitado exclusivamente pelos contestadores daqueles anos loucos. O bairro é típico de pessoas “alternativas”; de gente que optou pela liberdade de comportamento; de gente voltada para uma vida natureba; de gente pouco preocupada com “ter” em detrimento de “ser”; de gente que curte a natureza e educa filhos e netos na direção de um mundo diverso do capitalismo consumista a sua volta; de gente vegetariana e vegana que têm restaurantes próprios voltadas para comidas orgânicas e sem produtos de origem animal.

Na maioria, os ex-hippies são pacatos pais e avós que exercem atividades autônomas como massagistas, quiropráticos, professores de doutrinas zens, dentistas e médicos de orientação alternativa, artesões, poetas, escritores, acupunturistas, homeopatas, todos pobres e de bem com a vida. A paz é seu objetivo de vida, não se alistam nas Forças Armadas e não aconselham ninguém a fazê-lo. Não incomodam ninguém e por ninguém são incomodados. Vale a pena comprar seus produtos a base de hemp e comer suas comidas orgânicas e deliciosas, o que fiz com prazer, junto com minha mulher, minha nora e meu filho. Quem vier a San Diego não perde nada se for até OB dar um rolê. JAIR, San Diego, 20/05/10.
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