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domingo, 20 de junho de 2010

Prá não dizer que não falei do Milho



Teosinto e milho moderno.


Texto publicado no Blog: www.jairclopes.blogspot.com em março de 2009.
No meu texto “A CIVILIZAÇÃO VALE A PENA?” escrevi: "A economia asteca estava baseada primordialmente no milho...”, e mais não disse por que não cabia, o assunto era outro. Contudo, senti necessidade de falar sobre esse alimento tão fundamental para o ser humano. Então, vamos começar por onde o milho começou. O Teosinto é uma gramínea anual como o trigo, o centeio, a cevada, o arroz etc, cespitosa (que forma touceiras) de aspecto semelhante ao milho, do qual é considerada ancestral, forma grandes touceiras, podendo atingir 3 metros de altura e seu perfilhamento é muito agressivo, ou seja, emite rebentos de forma abundante para todos os lados. Adaptada a climas quentes e solos férteis, não crescendo bem em solos arenosos, pobres e secos, é planta nativa das Américas Central e do Sul. O Teosinto, atualmente considerado de mesma espécie e com várias subespécies deu origem ao Milho nosso de cada dia que é uma gramínea da família Poaceae, da tribo Maydeae, do gênero Zea para distinguir desse seu parente silvestre mais próximo.
O milho é um cereal essencialmente americano, uma vez que só nosso continente que se encontram os seus parentes selvagens mais próximos, seus ancestrais, e onde foi domesticado pelos aborígines mesoamericanos há mais ou menos 3500 anos. Fora das Américas, não existem fósseis e nem evidências lingüísticas, históricas ou pictóricas de milho ou teosinto, seu ancestral. Atualmente o milho é a planta cultivada que atingiu o mais elevado estágio de domesticação, uma vez que perdeu a capacidade de sobrevivência sem intervenção humana. Ocupa lugar de destaque como principal alimento dos vários povos e civilizações americanos, fato evidenciado pelos relatos históricos. Expandiu-se, até ocupar praticamente todo o continente americano, em conseqüência da seleção do homem e da seleção natural, e, em virtude do descobrimento e colonização das Américas, estendeu-se pelo mundo todo, tornou-se o alimento mais importante do planeta depois do trigo e do arroz. Cristóvão Colombo é considerado o descobridor não só do Novo Continente, a América, mas também de seu mais reputado alimento, o Milho.
Rico em lipídios, proteínas, vitaminas A e C e carboidratos, esse cereal branco ou amarelo, protegido por camadas de folhas fibrosas, era há muito tempo a principal fonte de energia consumida pelos índios americanos. O modo mais comum de utilização do milho pelos nativos era como farinha ou fubá. Depois de pilado, o cereal era então fervido e comido como polenta ou ainda, transformado em deliciosas tortilhas e massas comestíveis que faziam a festa dos Astecas, Maias, Incas e demais povos da região meso-americana e andina.
Esses povos tinham muitos conhecimentos em astronomia, arquitetura, matemática, irrigação, agricultura, drenagem, artesanato e economia, entre outras. Destaque-se também que souberam se apropriar dos elementos naturais que lhes eram fornecidos nas regiões em que se estabeleceram para não apenas sobreviver, e sim, para viver de forma confortável e até majestosa. Essas tradições foram preservadas até os dias de hoje e esses alimentos derivados do milho continuam sendo muito populares.
Tive oportunidade de trabalhar na Bolívia por algum tempo e constatar a grande variedade de comidas e bebidas típicas feitas de, ou que levam milho na feitura. Além das mencionadas tortilhas e polentas, também é comum o consumo do milho cozido temperado apenas com sal - ao quais algumas pessoas gostam de adicionar manteiga - ou ainda assado na grelha - sendo que em algumas regiões coloca-se a espiga no fogo sem que se retire a palha.
O que também chamou muito a atenção dos conquistadores espanhóis que dominaram as civilizações americanas foram os mercados públicos onde se vendiam muitos produtos, alguns conhecidos pelos europeus e outros totalmente desconhecidos, como é o caso do próprio milho, do cacau, e, consequentemente, do chocolate, do tomate e de várias espécies de pimentas. Incas, Maias e Astecas ficaram historicamente conhecidos como “civilizações do milho” por sua relação tão intensa e mística com esse cereal. Conta-se que, a despeito da luxuosidade das refeições dos líderes desses povos, o dia a dia era pautado em refeições simples, onde o milho era presença obrigatória.
Se não existissem outros motivos como os calendários precisos e a arquitetura para reverenciar os povos pré-colombianos, o milho já seria o bastante. Esse cereal é, juntamente com a batata que também originou-se e foi domesticada no Novo Mundo, o maior e mais importante legado que os tripudiados aborígines americanos deixaram para o resto do planeta. JAIR, Floripa, 19/03/09.

5 comentários:

Luísa Nogueira disse...

Ótima matéria, Jair! Parabéns pela pesquisa! São com textos assim que podemos informar e educar...

JAIRCLOPES disse...

Obrigado Luiza,
Entendo que só conhecendo a natureza temos condição de defendê-la.

Almirante Águia disse...

Jair
Ver esta matéria sobre o milho, somente me faz ficar saudoso dos meus tempos de zona rural, o milho para o sertanejo é uma verdadeira celebração. A partir do mês de maio, todos os dias temos milho verde nas refeições ou lanches, é um verdadeiro vício, quem trabalha na cidade, fica ansioso para chegar o final de semana, invadir a própria roça ou de outrem com a finalidadede colher as espigas verdinhas que serão assadas na fogueira ou na brasa da cozinha. Durante as festividades juninas ocorre o grande apogeu culinário para as iguarias a base de milho.
Você citou o milho assado diretamente com as cascas, cá entre nós, utiliza-se muito este método quando o milho já esta um pouco duro, então as cascas impedem que o vapor se esvaia, mantendo o grão macio, quando a palha já esta bem queimada, retira-se a espiga e volta ao fogo para mais uma sapecadinha.
Quando se fala em domesticação, encontramos imediatamente uma infinidade de tipos de sementes híbridas, algumas com produtividade em até 60 dias ou menos, porém requerem certos cuidados e técnicas que estão longe de caber no bolso do agricultor familiar, por isso, colaborei com um grupo de amigos na coleta de sementes "caboclas". que foram encontradas em diversas pequenas propriedades, é incrível a quantidade de variedades e cores, além do branco e do amarelo, as sementes variam bastante, num gradiente que vai do vermelho ao preto.

Não existe bom sertanejo, sem plantação de milho, feijão, um pé de pimenta e criação de bicho de pelo.

Acho que me empolguei, mas não quis evitar.

JAIRCLOPES disse...

Realmente Almirante,
O milho original de nossas populações nativas variavam em cores de maneira impressionante. Há até um estória não comprovada que tribos diferentes cultivavam milho de cor diferente que se tornava um espécie de símbolo de cada tribo. Tribo tal o milho é vermelho, outra, o milho é roxo, etc. Obrigado pelo comentário.

Brad disse...

O milho é um dos melhores, alimentos versáteis. Em minha área, estação do milho para não começar ainda. Eu espero feliz.
Brad

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