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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Bromélias


Bromélias

Antes de falarmos sobre as belas bromélias vamos abrir um pequeno parênteses sobre as chuvas na região Centro-Oeste. Anteontem, dia 27 de setembro, ou seja, já no final do mês, choveu - algumas gotinhas - em algum lugar aqui do DF. Ontem aconteceu o mesmo, mais gotículas caíram em algum lugar. A ventania que antecedeu e acompanhou o chuvisco é que foi forte, com redemoinhos espalhando poeira pela cidade inteira. Em todos os lugares via-se um céu nublado parecendo que nossa região estava coberta por neblina. De acordo com o serviço de meteorologia 'a neblina' nada mais era - e é - que uma fina poeira espalhada pelo vento. Estamos, pois, ansiosamente aguardando alguma chuva para limpar o ar que respiramos. Que venham as chuvas! Mas, vindo estas, um outro problema vai aparecer: os perigos que escondem a água parada da chuva. Portanto, desde agora, todo cuidado é pouco. Nada de garrafas sem a tampinha ou pneus velhos ao ar livre ou caixas d'água sem tampa, ou..., ou... Ou aquele mosquitinho que todos nós conhecemos terá mais um lugar para  depositar seus ovos.

E as bromélias, o que elas têm a ver com tudo isso? As bromélias são as vítimas inocentes de toda essa história de água parada e mosquito da dengue? Vítimas das desinformações sobre elas, sobre nosso meio ambiente e sobre o rico bioma brasileiro? Foi pensando nisso que o ano passado incentivamos um debate sobre essas belas plantas em nosso blog Multivias. Com o título 'Bromélias - Inocentes ou Culpadas?' durante todo o início das chuvas coletamos informações sobre as bromélias e a relação existente ou não entre elas e a dengue. O resultado foi um trabalho que, não diria completo, mas bem abrangente sobre esse assunto, incluindo algumas curiosidades e o modo de se fazer uma armadilha caseira para o mosquito da dengue, em texto e vídeo. Confiram o post do dia 28 de novembro de 2009, no blog Multivias - A Natureza em Fotos e Variedades, dividido em quatro partes*:

1- Bromélias - Inocentes ou Culpadas?
2- Bromélias e Meio Ambiente
3- Bromélias - Como cuidar?
4- Conclusão

 Aqui está a primeira parte publicada:


Bromélia 
Com o título Bromélias: Inocentes ou Culpadas? vimos e discutimos opiniões diversas, vindas de diferentes regiões do Brasil. Nossa roda de amigos, através de comentários e envio de fotos e textos, participou de uma pesquisa-debate envolvendo uma das mais belas flores brasileiras. Ganhamos todos nós! Ficamos com um maior conhecimento sobre essa planta da família bromeliaceae; tivemos mais informações sobre a rica diversidade do meio ambiente em que vivemos e ganhamos também conhecendo um pouco mais sobre a vida que entrelaça fauna e flora, tão sabiamente criada e desenvolvida em nossas matas e florestas.

1- Nossas belas são inocentes ou culpadas?

Antes de qualquer conclusão, vamos ver um pouco mais sobre as bromélias. Sugerimos também a leitura de alguns artigos sobre o mosquito Aedes Aegypti, transmisssor (vetor) da dengue.Vamos lá?

1.1- Bromélia, gravatá, carandá, caravatá, caraguatá, caraguá, carauatá, carauá e croata, são os nomes populares que encontramos. Família das bromeliáceas.
Nomes científicos de algumas espécies:
- Originárias da América do Sul, Brasil: Aechmea caudata, Aechmea fasciata, Aechmea fulgens, Aechmea orlandiana, Aechmea triangularis, Ananas bracteatus, Ananas comusus (nosso ananás ou abacaxi), Ananas comusus 'Variegatus',Bromelia antiacantha, Hohenbergia blanchetii, Neoregelia caroline 'Tricolor', Neorégelia compacta, Neoregelia farinosa, Nidularium innocentii, Vriesea carinata, Vriesea fosteriana, Vriesea gigantea, Vriesea hieroglyphica e Vriesia imperialis. 
 -América do Sul - Brasil, Bolívia e ArgentinaAechmea distinchantha.
- América do Sul (vários países): Billbergia pyramidalis 'Variegata', Tillandsia gardneri, Tillandsia stricta.
- América do Sul - Brasil e Uruguai: Bromelia antiacantha.
- América do Sul - Argentina: Abromeitiella lorentziana.
- América do Sul - Equador: Tillandsia cyanea.
- América Central e do Sul: Tillandsia tenuifolia, Vriesea hybrida.
- Guiana Francesa: Quesnelia quesneliana. (A Guiana Francesa, ocupada pela França desde 1946, está localizada na América do Sul e faz fronteira com o estado brasileiro do Amapá).

Há muito material de leitura e pesquisa sobre as bromélias. Na internet podemos ler de tudo. Mas alguns artigos são apenas repetições de estudos feitos, muitos deles sem a citação da fonte. Fazendo uma filtragem, escolhemos alguns para enriquecer nossa pesquisa, de fontes e autores seguros. O primeiro deles é bem interessante; faz um apanhado geral sobre as bromélias, com algumas curiosidades. Vocês sabiam que algumas cidades brasileiras possuem nomes de bromélias? Querem ver quais são? Leiam:

"Bromélias

A Família Bromeliaceae compreende 58 gêneros e, aproximadamente, 3.176 espécies. Elas podem ser epífitas (apóiam-se em outras plantas, mas não as parasitam), rupícolas (vivem sobre rochas) ou terrestres.
As bromélias são de suma importância nos biomas onde ocorrem, principalmente pela  capacidade de algumas de suas espécies armazenarem água, funcionando assim como berço de vida para diversos organismos. Com a degradação acelerada dos ecossistemas, inúmeras espécies vêm sendo extintas, afetando diretamente o equilíbrio da natureza.

Onde encontramos as bromélias no mundo?

As bromélias são plantas típicas das Américas. A exceção fica por conta da Pitcairnea feliciana, espécie que se desenvolve na região da Guiné, na África. A distribuição geográfica da família bromeliaceae pode ser compreendida a partir de três importantes centros de diversidade: Andes, com prolongamentos em direção ao México e às Antilhas, o Planalto das Guianas e a região ao leste brasileiro.

Essas plantas apresentam uma grande plasticidade em sua forma de vida, desenvolvendo-se bem  nos mais diversos ambientes, em quase todos os ecossistemas. Isso engloba desde áreas ao nível do mar até locais com grandes altitudes (com cerca de 4.000 m), regiões com temperaturas elevadas, como as caatingas, e lugares com a temperatura próxima de zero, como nos cumes das serras.

E no Brasil?

O Brasil conta com uma rica diversidade de espécies em quase todo o seu território. A Mata Atlântica é o principal pólo, mas os campos rupestres do interior do país também são regiões prolíficas para as bromélias. Curiosamente, a Amazônia, a maior área florestal do mundo, apresenta uma incidência menor.

Outra característica da distribuição das bromélias no Brasil é o alto grau de endemismo, ou seja, de espécies que ocorrem exclusivamente em uma área restrita. Isso se deve, em parte, à grande diversificação dos ecossistemas brasileiros, que favorece a formação de áreas naturais muito peculiares. Essa variedade também se reflete na grande quantidade de nomes populares aplicados às bromélias, como carandá, carauá, caravatá, carauatá, caraguatá, caraguá, croata e gravatá. Além disso, o conhecimento popular sobre as plantas fez com que algumas cidades brasileiras viessem a ser chamadas por nomes que representam modificações dos nomes populares das bromélias. Como exemplo, podemos citar: Caraguatatuba (SP), Gravatá (SC), Gravataí e Caraguataí (RS), Caraguatá (RJ), e Gravatazinho (AL, PE)." Do site do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro: http://www.jbrj.gov.br/arboreto/estufas/bromelias.htm
....
Como lemos no artigo acima, as bromélias podem ser terrestres, ou viverem em árvores - sem serem parasitas - e também viverem sobre rochas. Lembram da informação que nos foi dada pelo Dalton França, sobre as minibromélias que vivem nas pedras das serras mineiras? Vamos relê-lo:
"... aqui no Sul de Minas podemos encontrar diversas espécies de minibromélias. Vivem entre as pedras no alto das serras."...

1.2- Aprendendo sobre a dengue
...
A Dengue é uma doença causada por vírus, ou seja, uma virose. Seu vírus é transmitido através da picada da fêmea do mosquito Aedes Aegypti. Logo, a forma de nos prevenirmos da dengue é não termos esse tal mosquito por perto. Ele - o mosquito, deposita seus ovos em águas paradas em recipientes artificiais como pneus, pratos de vasos, garrafas, latas, caixas d'água mal fechadas, piscinas sem a devida manutenção e tudo que puder conter água parada. Uma das sugestões recebidas para o combate ao mosquito refere-se à borra de café. Angélica Tulhol nos disse que "Havia lido em algum lugar que para evitar o mosquito em bromélias deveria por pó de café no miolo que concentra a água." Não é uma crendice. Pesquisadores da Unesp relatam:


"A BORRA DO CAFÉ E O CONTROLE DO AEDES

 Hermione Bicudo e Alessandra Theodoro Laranja

"A mídia falada, escrita e televisionada de muitas regiões, de norte ao sul do Brasil, tem divulgado a indicação do uso da borra do café (isto é, do pó de café usado), no controle do Aedes. Essa aplicação resultou de pesquisas realizadas no Curso de Pós-Graduação em Genética do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, UNESP, desta Cidade, pelas signatárias deste artigo. Contudo, a maioria dessas divulgações tem falhado em um aspecto fundamental, que é explicar adequadamente, à população, a forma de uso da borra para esse fim. Esse é o objetivo do presente artigo.
A borra do café pode ser usada nos criadouros domésticos de Aedes, que são, principalmente, vasos de plantas e bromélias, sem o risco de matá-las, pois inclusive, é usada, por algumas pessoas, como adubo. A borra pode ser espalhada sobre a terra do vaso, porque, mesmo uma fina película de água que se forme sobre essa terra serve de criadouro do mosquito. A borra pode, ainda, ser colocada dentro do "copo" que se forma no interior das bromélias, onde se acumula a água. E também pode ser colocada nos pratos dos vasos (lembremos, porém, que sempre que possível, esses pratos devem ser eliminados).
A quantidade de borra a ser usada depende da quantidade de água que se acumula nesses locais. Por exemplo, se o prato do vaso ou a bromélia acumula mais ou menos um copo de água da rega ou da chuva, quatro colheres de sopa da borra são suficientes. Espalhe a borra no prato ou coloque no interior da bromélia ,com a colher; quando a água escorrer, vai diluir a borra. Aumente ou diminua a quantidade em função da variação da água acumulada. A borra do café, como tem sido divulgado, impede que o Aedes atinja a fase adulta. O mosquito, no seu desenvolvimento, passa pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto. A borra é ingerida pela larva que se a intoxica, morrendo nessa fase. Se o mosquito não atingir a fase adulta, que é a fase em que ele pica as pessoas transmitindo os virus, não haverá doenças. Assim, a borra do café funciona como uma forma alternativa para o inseticida abate, granulado organofosforado, usado no controle das larvas, que é tóxico para o homem, os animais domésticos e o ambiente. Por causa dessa toxicidade e porque os inseticidas induzem os insetos à resistência, de modo que o inseticida perde a capacidade de matá-los, no mundo inteiro, hoje se buscam formas alternativas de controle que substituam os inseticidas. Porisso, o uso da borra do café é um achado importante.
Trata-se do aproveitamento de um material cujo destino é o lixo, que é disponível na maioria dos lares brasileiros e não tem contra-indicações de uso, pois seu extrato é ingerido pelo homem. Para o Aedes tem havido indicação de outros produtos, como o sal de cozinha e a água sanitária, mas estes produtos não podem ser usados nas plantas e sim em outros criadouros.
É evidente que os inseticidas continuarão a ter que ser usados para eliminar os mosquitos adultos se estes forem produzidos. Porque não basta eliminarmos os Aedes em nossas casas, se os terrenos baldios não forem limpos, mesmo de tampas de latas ou vidros ou pedaços de plástico que se encurvam fazendo pequenos reservatórios para água da chuva. Para que o Aedes se reproduza, basta que a água esteja parada, seja limpa ou suja. Não podemos esquecer ainda que os ovos resistem ao dessecamento por até um ano. Assim, temos que estar atentos. Se nossas vidas estão em jogo, vale empregarrmos todos os recursos, do bom senso à borra do café."
"Dra. Hermione Bicudo- Pesquisadora do IBILCE e Coordenadroa do Laboratório de Vetores
E-mail: bicudo@ibilce.unesp.br "
....
O site http://www.dengue.org.br/ ilustrou de uma forma bem simples o combate ao mosquito. Vejam:

"Dicas para combater o mosquito e os focos de larvas"
.... 



Como vimos, até agora não foi associado as bromélias com a dengue. No site da Prefeitura de São Paulo, falando sobre os cuidados que devemos ter para evitar o mosquito transmissor, no final da lista, há uma breve nota sobre as bromélias:
...
"Cuidados especiais para as plantas que acumulam água como bromélias e espadas de São Jorge, ponha água só na terra." In: http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/saude/vigilancia_saude/doenca_agravo/0003


O 'tanque' d'água desenvolvido em uma bromélia: representa, principalmente nas florestas, 'um poço de vida'.


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*A série Bromélias - Inocentes ou Culpadas? contem pesquisas e informações nossas e de muitos amigos blogueiros que participaram do debate. Há uma grande variedade de fotos. Vejam no blog Multivias.

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E você, o que sabe sobre as bromélias? Conte pra gente.

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Um comentário:

JAIRCLOPES disse...

Pois é, Luiza, depois de um texto tão importante e informativo como este não entendo porque esse blog ainda não se tornou de utilidade pública. Parabéns, JAIR.

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